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Fim de uma era

Ao se desfiliar do PSDB, Derosso deve encerrar carreira política

Vereador, que comandou a Câmara Municipal de Curitiba por quase 15 anos, não poderá se candidatar neste ano. Ele próprio descartou retorno

Um dia após se desfiliar do PSDB, Derosso foi interpelado por um repórter do humorístico CQC | Antônio Costa/ Gazeta do Povo
Um dia após se desfiliar do PSDB, Derosso foi interpelado por um repórter do humorístico CQC (Foto: Antônio Costa/ Gazeta do Povo)

Com sua desfiliação do PSDB, o vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Curitiba João Cláudio Derosso deve encerrar a carreira política após cumprir o atual mandato. Segundo advogados especializados em Direito Eleitoral consultados pela Gazeta do Povo, não há possibilidade de o vereador se inscrever em outro partido para disputar as eleições deste ano, já que o prazo expirou em outubro de 2011. Além disso, o próprio Derosso disse, em entrevista à rádio Banda B, que não quer mais disputar eleições.

FOTOS: Veja como foi o incidente entre Derosso e o repórter do CQC

Na manhã de segunda-feira, o ex-presidente da Câmara declarou à imprensa que não iria desistir de sua candidatura à reeleição e que seria o verea­­dor mais votado de Curitiba em 2012. Entretanto, ao longo do dia, mudou de opinião: encurralado por um pedido de expulsão do PSDB, decidiu deixar o partido na noite de segunda-feira. Para se candidatar às eleições, é preciso estar registrado em um partido político pelo menos um ano antes do pleito. Por causa disso, ao deixar o ninho dos tucanos, Derosso desistiu também de ser vereador na próxima legislatura.

Em entrevista à rádio Ban­­­da B, o vereador mencionou que não pretende voltar à política. "Eu descarto a possibilidade de voltar como político. Eu nasci no meio político, mas não quero mais ter de ter compromisso de horário", disse. O vereador contou também que teve "dissabores do ponto de vista pessoal, particular e familiar", e que acredita que o momento é de cuidar de si próprio.

Cadeira

Sua decisão, entretanto, não deve se refletir na legislatura atual. Como faltam poucos meses para o término de seu mandato, é pouco provável que o PSDB consiga recuperar a cadeira a tempo. Caso Derosso deixasse a Câmara, o líder comunitário Edson do Parolin, primeiro suplente, seria empossado.

Segundo o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e professor de Direito Eleitoral Walter Costa Porto, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o TSE julgue essas matérias. De acordo com ele, não é possível prever em quanto tempo o pedido seria julgado, mas é pouco provável que a decisão seja tomada antes da posse da próxima legislatura. "Não tem por que pedir a cadeira, é um processo muito longo. Não vai ser julgado até o fim do ano", afirma.

De acordo com o advogado especialista em Direito Eleitoral Éverson Tobaruela, o diretório estadual é a única parte competente para isso – ou seja, nem o suplente, nem os outros vereadores podem pedir à Justiça a devolução da cadeira ao partido. Ele pontua, entretanto, que existem decisões arbitrárias tomadas em vários municípios que contrariam essa resolução. Mesmo assim, a tendência é que elas sejam revertidas pelo TSE. O ex-presidente não quis comentar sua saída do partido à Gazeta do Povo.

Partido

O PSDB ainda não decidiu o que irá fazer. Presidente em exercício do diretório esta­­dual, o deputado Valdir Rossoni negou que essa responsabilidade seja do partido. "Isso depende mais da vontade do suplente do que dos diretórios", afirmou. Ele disse, ainda, que o diretório estadual cumpriu seu papel no momento que houve necessidade de interferência.

Já o vice-presidente do diretório municipal, o deputado Fernando Francischini, disse que espera que o presidente, Fernando Ghignone, convoque uma reunião para discutir o assunto, e preferiu não adiantar sua opinião sobre o caso. A reportagem não conseguiu falar com Ghignone.

Ex-tucano destrata repórter do CQC

Na primeira sessão na Câmara Municipal após sua saída do PSDB, o vereador João Cláudio Derosso se envolveu em mais uma polêmica. Irritado após uma pergunta sobre a contratação da empresa de sua ex-mulher, Cláudia Queiroz Queiroz, o parlamentar arremessou da janela do quarto andar da Câmara o microfone do repórter Maurício Meirelles, do programa humorístico CQC, da TV Bandeirantes.

O repórter do CQC estava em Curitiba para fazer um quadro sobre a Câmara – tentando entrevistar os envolvidos na polêmica dos contratos de publicidade da Casa – e distribuir camisetas com slogans como "eu desvio verbas públicas" e "eu tenho funcionários fantasmas". Sabendo da presença dos humoristas, a maioria dos vereadores evitava sair do plenário; um deles, inclusive, reclamou com alguns repórteres que queria ir ao banheiro, mas tinha medo de sair e aparecer no programa.

Quando a sessão estava próxima do fim, Derosso deixou o plenário e logo foi cercado pela equipe do CQC. Em um primeiro momento, disse que não ia dar entrevistas e seguiu para as escadarias da Câmara. Questionado sobre sua ex-mulher, o vereador arrancou o microfone da mão do humorista, jogou-o da janela do prédio e desceu as escadas. O humorista reclamou: "É isso o que você faz com o seu eleitor", gritou, irritado. Ele também acusou o vereador e a ex-mulher de "roubarem dinheiro público".

A reportagem entrou em contato com Derosso depois do incidente, mas ele não quis falar sobre o assunto.

Colaborou Euclides Lucas Garcia.

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