
Com sua desfiliação do PSDB, o vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Curitiba João Cláudio Derosso deve encerrar a carreira política após cumprir o atual mandato. Segundo advogados especializados em Direito Eleitoral consultados pela Gazeta do Povo, não há possibilidade de o vereador se inscrever em outro partido para disputar as eleições deste ano, já que o prazo expirou em outubro de 2011. Além disso, o próprio Derosso disse, em entrevista à rádio Banda B, que não quer mais disputar eleições.
FOTOS: Veja como foi o incidente entre Derosso e o repórter do CQC
Na manhã de segunda-feira, o ex-presidente da Câmara declarou à imprensa que não iria desistir de sua candidatura à reeleição e que seria o vereador mais votado de Curitiba em 2012. Entretanto, ao longo do dia, mudou de opinião: encurralado por um pedido de expulsão do PSDB, decidiu deixar o partido na noite de segunda-feira. Para se candidatar às eleições, é preciso estar registrado em um partido político pelo menos um ano antes do pleito. Por causa disso, ao deixar o ninho dos tucanos, Derosso desistiu também de ser vereador na próxima legislatura.
Em entrevista à rádio Banda B, o vereador mencionou que não pretende voltar à política. "Eu descarto a possibilidade de voltar como político. Eu nasci no meio político, mas não quero mais ter de ter compromisso de horário", disse. O vereador contou também que teve "dissabores do ponto de vista pessoal, particular e familiar", e que acredita que o momento é de cuidar de si próprio.
Cadeira
Sua decisão, entretanto, não deve se refletir na legislatura atual. Como faltam poucos meses para o término de seu mandato, é pouco provável que o PSDB consiga recuperar a cadeira a tempo. Caso Derosso deixasse a Câmara, o líder comunitário Edson do Parolin, primeiro suplente, seria empossado.
Segundo o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e professor de Direito Eleitoral Walter Costa Porto, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o TSE julgue essas matérias. De acordo com ele, não é possível prever em quanto tempo o pedido seria julgado, mas é pouco provável que a decisão seja tomada antes da posse da próxima legislatura. "Não tem por que pedir a cadeira, é um processo muito longo. Não vai ser julgado até o fim do ano", afirma.
De acordo com o advogado especialista em Direito Eleitoral Éverson Tobaruela, o diretório estadual é a única parte competente para isso ou seja, nem o suplente, nem os outros vereadores podem pedir à Justiça a devolução da cadeira ao partido. Ele pontua, entretanto, que existem decisões arbitrárias tomadas em vários municípios que contrariam essa resolução. Mesmo assim, a tendência é que elas sejam revertidas pelo TSE. O ex-presidente não quis comentar sua saída do partido à Gazeta do Povo.
Partido
O PSDB ainda não decidiu o que irá fazer. Presidente em exercício do diretório estadual, o deputado Valdir Rossoni negou que essa responsabilidade seja do partido. "Isso depende mais da vontade do suplente do que dos diretórios", afirmou. Ele disse, ainda, que o diretório estadual cumpriu seu papel no momento que houve necessidade de interferência.
Já o vice-presidente do diretório municipal, o deputado Fernando Francischini, disse que espera que o presidente, Fernando Ghignone, convoque uma reunião para discutir o assunto, e preferiu não adiantar sua opinião sobre o caso. A reportagem não conseguiu falar com Ghignone.
Ex-tucano destrata repórter do CQC
Na primeira sessão na Câmara Municipal após sua saída do PSDB, o vereador João Cláudio Derosso se envolveu em mais uma polêmica. Irritado após uma pergunta sobre a contratação da empresa de sua ex-mulher, Cláudia Queiroz Queiroz, o parlamentar arremessou da janela do quarto andar da Câmara o microfone do repórter Maurício Meirelles, do programa humorístico CQC, da TV Bandeirantes.
O repórter do CQC estava em Curitiba para fazer um quadro sobre a Câmara tentando entrevistar os envolvidos na polêmica dos contratos de publicidade da Casa e distribuir camisetas com slogans como "eu desvio verbas públicas" e "eu tenho funcionários fantasmas". Sabendo da presença dos humoristas, a maioria dos vereadores evitava sair do plenário; um deles, inclusive, reclamou com alguns repórteres que queria ir ao banheiro, mas tinha medo de sair e aparecer no programa.
Quando a sessão estava próxima do fim, Derosso deixou o plenário e logo foi cercado pela equipe do CQC. Em um primeiro momento, disse que não ia dar entrevistas e seguiu para as escadarias da Câmara. Questionado sobre sua ex-mulher, o vereador arrancou o microfone da mão do humorista, jogou-o da janela do prédio e desceu as escadas. O humorista reclamou: "É isso o que você faz com o seu eleitor", gritou, irritado. Ele também acusou o vereador e a ex-mulher de "roubarem dinheiro público".
A reportagem entrou em contato com Derosso depois do incidente, mas ele não quis falar sobre o assunto.
Colaborou Euclides Lucas Garcia.



