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Escândalo no Governo

À PF, ex-ministro da Cultura diz que Temer o pressionou no caso do “edifício de Geddel”

Segundo apurado pela “Folha de S.Paulo”, depoimento de Marcelo Calero aponta reunião dele com Michel Temer no dia anterior ao seu pedido de demissão do Ministério da Cultura

 | Beto Barata/PR
(Foto: Beto Barata/PR)

Em depoimento prestado à Polícia Federal (PF), o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero afirmou que o próprio presidente Michel Temer (PMDB) o procurou com o intuito de que fosse encontrada uma “saída” para a obra do edifício La Vue Ladeira da Barra, em Salvador, que é de interesse do ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB). As informações são de reportagem do jornal Folha de S.Paulo, publicada no fim da tarde desta quinta-feira (24).

O imbróglio em torno do ministro da Secretaria de Governo começou com o pedido de demissão de Calero, na última sexta-feira (18). Após a saída do governo, o ex-ministro da Cultura afirmou que deixava a administração Temer por conta de pressões de Geddel por um parecer favorável do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que é vinculado ao Ministério da Cultura, que liberasse a construção do empreendimento na capital baiana. O interesse de Geddel no assunto é que ele havia adquirido uma unidade no edifício.

Segundo apurado pela Folha, a transcrição do depoimento aponta que o ex-titular da Cultura foi convocado por Temer para ir ao Palácio do Planalto na quinta-feira (17), um dia antes do seu pedido de demissão. De acordo com o relato, o presidente disse que Geddel estava bastante irritado e pediu a Calero que permitisse que o processo saísse do Iphan e fosse enviado à Advocacia-Geral da União (AGU), onde seria encontrada uma solução. O depoente disse ainda que a pressão feita pelo titular da Secretaria de Governo foi encarada com normalidade por Temer.

Segundo a PF, o depoimento de Calero foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), responsável por investigar o eventual cometimento de crimes por pessoas com prerrogativa de foro. Na quarta-feira (23), a Justiça Federal na Bahia determinou a suspensão imediata das obras e da comercialização das unidades do empreendimento. A decisão acolhe manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) e impõe pena de multa diária de R$ 10 mil aos responsáveis pelo negócio em caso de descumprimento.

De acordo com o parecer do Ministério Público Federal (MPF), a excessiva altura do prédio de luxo apontada pelo projeto comprometeria a visibilidade de pelo menos três bens históricos tombados na capital baiana - a Igreja de Santo Antônio, o Outeiro de Santo Antônio e o Forte de Santa Maria.

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