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Arrecadação federal

Após 20 tentativas, Câmara reabre debate sobre a reforma tributária

Deputados criam grupo de trabalho para discutir e propor a modernização do sistema nacional de impostos, algo que não é feito desde 1988

Alfredo Kaefer, deputado paranaense que preside o grupo de trabalho: “Nossa função é fazer um diagnóstico do que pode ajudar a resolver o imbróglio tributário que vivemos hoje no Brasil” | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Alfredo Kaefer, deputado paranaense que preside o grupo de trabalho: “Nossa função é fazer um diagnóstico do que pode ajudar a resolver o imbróglio tributário que vivemos hoje no Brasil” (Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo)
Dilma na campanha de 2010:

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Dilma na campanha de 2010:

Um grupo de trabalho recém-criado na Câmara dos Deputados vai tentar reabrir um debate que se arrasta há mais de duas décadas: a reforma tributária. Desde a Constituinte de 1988, ano da última grande mudança no sistema de tributação brasileiro, passaram pela Casa pelo menos 20 novas propostas, sem grandes avanços. Presidente do grupo, o deputado paranaense Alfredo Kaefer (PSDB) prevê um pacote "fatiado" para resolver o impasse.

A ideia do parlamentar é atuar em três frentes: redução da carga de impostos, simplificação e racionalização do modelo atual. "Se você não consegue fazer um bolo inteiro, que pelo menos garanta um pedaço para diminuir os problemas enfrentados diariamente pela população", diz Kaefer. A tendência é que as sugestões não sejam fechadas em apenas um projeto final, mas em vários.

Nessa linha, o grupo de 40 parlamentares (20 titulares e 20 suplentes) vai tanto sugerir novas proposições quanto monitorar outras que já estão em andamento. "Nossa função é fazer um diagnóstico do que pode ajudar a resolver o imbróglio tributário que vivemos hoje no Brasil." De acordo com o Impostômetro, equipamento da Associação Comercial de São Paulo que mede a arrecadação de tributos do governo federal, foram recolhidos R$ 1,7 trilhão em 2013, contra R$ 1,5 trilhão de 2012.

Cofins, IPI e ICMS

O tucano Kaefer foi escolhido presidente por ter apresentado a proposta de instalação do grupo, no ano passado. O relatório final, no entanto, caberá ao petista José Guimarães (CE). Entre os demais membros, há dois paranaenses, Edmar Arruda (PSC), como titular, e o ex-secretário estadual de Fazenda, Luiz Carlos Hauly (PSDB), como suplente.

Para simplificar o sistema tributário, Kaefer sugere a unificação da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Sob a ótica da desoneração, ele defende menos tributação sobre o consumo. Quanto à racionalização, propõe a unificação das alíquotas do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) praticadas pelos estados.

As três proposições são de alta complexidade. Tradicionalmente, o governo costuma mobilizar a base aliada para evitar perda de arrecadação federal. Além disso, as bancadas estaduais entram em conflito diante de qualquer proposta de alteração no ICMS.

Gaveta

Apenas durante a gestão Lula (2003-2010), o Poder Executivo encaminhou duas sugestões de reforma tributária. A segunda versão chegou a ser aprovada, em novembro de 2008, por uma comissão especial da Câmara e entrou na pauta do plenário.

O principal ponto da proposta de emenda à Constituição era a criação de dois tipos de Imposto sobre Valor Agregado – um estadual e outro federal.

Ambos seriam resultados da unificação de tributos que já são cobrados, como o ICMS e a Contribuição Sobre o Lucro Líquido. A falta de acordo entre as bancadas estaduais sobre esse processo, aliada à falta de empenho do Executivo, acabaram engavetando o texto.

Depois da reforma de 1967, feita pelo regime militar, as principais modificações no sistema tributário brasileiro ocorreram durante a elaboração da Constituição, em 1988. O texto deu aos estados autonomia sobre a alíquota do ICMS, origem da guerra fiscal pela atração de investimentos privados. Com a unificação das alíquotas, a tese é que o conflito vai acabar.

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