
O Palácio do Planalto confirmou ontem a troca de Ana de Hollanda pela senadora Marta Suplicy (PT-SP) no comando do Ministério da Cultura. A petista vai assumir amanhã a nova função. A troca faria parte do acordo para que a senadora se integrasse à campanha de Fernando Haddad pela prefeitura de São Paulo Marta anunciou apoio ao petista na semana passada, após um boicote de dez meses à campanha. Ela queria ser candidata, mas foi forçada a desistir por pressão do ex-presidente Lula. Em novembro, ela chegou a dizer que Haddad foi uma invenção de Lula.
A presidente Dilma Rousseff se encontrou com Ana de Hollanda ontem à tarde e conversou por telefone com a senadora, quando confirmou o convite. "Dilma Rousseff manifestou confiança de que Marta Suplicy, que vinha dando importante colaboração ao governo no Senado, dará prosseguimento às políticas públicas e aos projetos que estão transformando a área da Cultura nos últimos anos", diz nota da assessoria de imprensa da Presidência.
"Especulação"
Ao chegar ao Senado na segunda-feira, Marta desconversou e chamou de "especulação" a sua ida para o ministério. Mas ela avisou seu suplente, o vereador Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP), para que ficasse preparado para assumir sua cadeira no Senado. A senadora, segundo Rodrigues relatou a interlocutores, o procurou na segunda-feira e informou que estavam avançadas as negociações para que ela assumisse o ministério.
Marta negou que o convite tenha relação com seu apoio a Haddad. "Isso nunca foi falado. Não tem nenhuma [ligação]", afirmou. "Desde o começou falei que ia trabalhar quando fizesse diferença. Entrei na campanha quando achei que faria diferença."
Marta afimou que o chamado para a Cultura foi "surpreendente" e que ainda não tem planos porque precisa estudar o ministério. A senadora reclamou de ter sido perguntada sobre as suas metas. "Como você me pergunta isso se eu estou sabendo agora?", questionou. A petista ainda evitou comentar pontos polêmicos como o orçamento da pasta, a reforma na lei de direitos autorais e a gestão do Ecad: "Não vou me pronunciar sobre nada sem ter conhecimento". Ela deverá se reunir com Ana de Hollanda para discutir a sucessão.
Esta será a segunda passagem de Marta pelo governo federal. Em 2007, ela assumiu o Ministério do Turismo durante a gestão de Lula. Na ocasião, foi criticada por conceder entrevista em que aconselhou a população do país "relaxar e gozar" em meio a caos nos aeroportos. Deixou a pasta em 2008 para disputar a prefeitura de São Paulo, mas perdeu a eleição no segundo turno para o atual prefeito, Gilberto Kassab (PSD).
Desgaste
Irmã do compositor Chico Buarque, Ana de Hollanda fez carreira na burocracia estatal. Sua gestão foi marcada por críticas. Ela sofreu pressão de setores do PT desde que cancelou a nomeação do sociólogo Emir Sader para presidir a Fundação Casa de Rui Barbosa. A política sobre direitos autorais defendida pela pasta, a suspensão de pagamentos de convênios e a retirada do selo Creative Commons (licença para uso de conteúdo) do site do Ministério também causaram polêmica. Outra crítica de parte do setor cultural é que ela não teria se empenhado para reduzir o corte no orçamento da Cultura neste ano.
Dê sua opinião
O que você achou da troca de comando no Ministério da Cultura?
Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.




