
Caberá ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) decidir sobre a validade do resultado da eleição extemporânea realizada neste último domingo em Itaperuçu, município da região metropolitana de Curitba. Só então se poderá empossar o novo prefeito da cidade. Os dois candidatos mais votados nas urnas, Neneu Artigas (PDT) e Gerson Ceccon (PMDB), tiveram seus registros cassados na semana passada e só puderam participar do pleito amparados por medidas liminares.
No entanto, a juíza eleitoral da comarca, Adriana Benini, não recebeu os recursos que precisam obrigatoriamente acompanhar os pedidos de liminares. Portanto, a legalidade de ambas as candidaturas será avaliada pelo TRE que vai julgar os recursos de agravo protocolados pelos dois candidatos. Caso o tribunal mantenha a cassação, a candidata Célia Paske (PSDB), terceira colocada, deve ser proclamada vencedora.
Enquanto isso, Ceccon, que é presidente da Câmara de Vereadores, continua respondendo pela prefeitura. "O município não pode parar. Estamos com R$ 5 milhões de obras abertas", afirmou.
Interino
Desde abril de 2009, ele é o prefeito interino, após a cassação do mandato de José Saruva (PMDB), eleito em 2008, e de seu vice, Acir Pedroso de Moraes, por abuso de poder político e econômico na campanha eleitoral. Saruva, contudo, foi nomeado secretário de Finanças por seu sucessor.
Após a confirmação da cassação de Saruva no TSE, uma nova eleição foi marcada para o último domingo. Porém, na quinta-feira, a candidatura do pedetista Artigas foi cassada por abuso de poder político e econômico após denúncia da campanha adversária. Em uma reportagem publicada em um jornal da cidade, Artigas garantiu que doaria seu salário de vereador para a compra de cestas básicas e a construção de moradias na cidade. A juíza eleitoral entendeu que se tratava de compra de votos.
Já na tarde do sábado, menos de 24 horas antes da votação, a mesma juíza impugnou a candidatura de Ceccon com base em uma reportagem do mesmo jornal, sob alegação de abuso do poder político. O candidato teria feito promoção eleitoral usando a máquina da prefeitura.
Ambos entraram com recurso na Justiça Eleitoral e conseguiram a suspensão temporária da cassação. Assim, puderem concorrer na eleição. Entretanto, as urnas eletrônicas já estavam programadas para computar como nulos os votos aos dois candidatos.
A reportagem apurou, com números não confirmados pelo TRE, que Artigas foi o mais votado, com 5.347 votos. Ceccon ficou em segundo lugar, com 5.144 votos, uma diferença de apenas 203 votos. Os outros dois candidatos receberam juntos pouco mais de 3 mil votos. Célia Paske (PSDB) obteve 2.235 votos nas urnas e João Gonçalves (PT), 1.002.
Rivalidade
A eleição em Itaperuçu dividiu a cidade num clima de rivalidade e em uma disputa voto a voto, por vezes, violenta. Ontem, um dia depois de os 15.493 eleitores aptos do município terem ido às urnas para escolher um novo prefeito, os partidários dos dois candidatos mais votados mantinham-se "entrincheirados" em seus redutos eleitorais.
No comitê que funcionava na residência do candidato pedetista, seus apoiadores comemoravam ontem a "vitória" sobre o grupo político que já está há três mandatos na prefeitura. Nesta eleição, Artigas, empresário do ramo madeireiro, se apresentou como um nome "independente".
Os partidários de Ceccon, muitos deles funcionários da prefeitura, se reuniram na sede da administração municipal e acusavam o adversário de intimidação e compra de votos. Ceccon foi apoiado pelos caciques politicos da região, como o senador Roberto Requião e o deputado estadual Alexandre Curi.




