
Depois de cinco desistências, o Conselho de Ética do Senado escolheu ontem o senador Humberto Costa (PT-PE) para ser o relator da representação do PSol contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), acusado de envolvimento com o empresário do ramo de jogos ilegais Carlinhos Cachoeira.
O primeiro escolhido por sorteio foi o senador Lobão Filho (PMDB-MA), ausente da reunião, mas que recusou por telefone. Em seguida, foi sorteado o líder do PTB na Casa, Gim Argello (DF), que desistiu da função. "Por foro íntimo, eu declino", alegou.
Como terceira opção surgiu o nome do senador Ciro Nogueira (PP-PI), que também recusou por telefone, por não estar presente. O presidente do Conselho, senador Antônio Carlos Valadares, sugeriu a suspensão do encontro, mas decidiu prosseguir o sorteio. Em seguida foram escolhidos os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL), que recusaram imediatamente.
O petista Humberto Costa, o sexto sorteado, concordou finalmente assumir a relatoria, sob aplausos da comissão.
Demóstenes tem dez dias, contados a partir de ontem, para apresentar sua defesa à representação. Caberá a Humberto Costa, como relator, instruir o processo e elaborar parecer que poderá sugerir a absolvição do parlamentar ou aplicação de sanções que podem chegar à cassação do mandato.
Demóstenes responde a processo por quebra de decoro parlamentar pela acusação de ligações com o empresário Carlos Cachoeira, suspeito de comandar um esquema de exploração de jogos ilegais no país.
Missão
Embora tenha avaliado que não é "agradável" julgar a conduta de colegas, Costa afirmou que a tarefa é uma das responsabilidades do cargo de senador. "Eu faço isso como uma missão." Ele preferiu não se pronunciar sobre as suspeitas que envolvem Demóstenes. O relator disse que na próxima reunião do conselho, na terça-feira, apresentará um plano de trabalho. Costa anunciou que pedirá ao Supremo Tribunal Federal (STF) acesso ao inquérito que investiga o senador goiano, apesar de a Corte já ter recusado um pedido semelhante.



