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Dilma em pronunciamento. | Luis Macedo/ Câmara dos Deputados
Dilma em pronunciamento.| Foto: Luis Macedo/ Câmara dos Deputados

O Planalto sentiu o “panelaço” promovido contra o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff (PT) em cadeia nacional de rádio e tevê, no domingo (8). E, às vésperas de uma série de manifestações pró-impeachment da presidente, marcadas para o próximo domingo (15), o tema que vinha sendo tratado a distância, entrou na agenda oficial de Dilma, que nesta segunda-feira (9) se pronunciou publicamente sobre o assunto. Ela disse que a sociedade brasileira está amadurecida e não vai aceitar “rupturas democráticas”.

Segundo Dilma, para que haja um pedido de impeachment, é preciso haver razões concretas e que isso não pode ser usado como subterfúgio para promover um “terceiro turno” eleitoral. Pela Constituição, o impeachment pode ocorrer no caso de crime de responsabilidade. Na declaração de Dilma, ela deixou subentendido que não há motivo para o pedido de seu impeachment.

Conversa com Lula

A presidente Dilma Rousseff confirmou que irá conversar com o ex-presidente Lula nesta terça-feira (10) em São Paulo. “Ele é uma liderança que sempre contribui. Ele tem noção de estabilidade e sempre contribui com o país. Ele não gosta de colocar fogo na cerca”, comentou Dilma sobre seu padrinho político. Nos bastidores, a especulação é que os dois vão conversar sobre a crise política.

“Eu acho que há de caracterizar razões para o impeachment, e não o terceiro turno das eleições”, disse Dilma a jornalistas, depois de participar de solenidade no Palácio do Planalto em que sancionou lei que tipifica o crime do feminicídio. “O que não é possível no Brasil é a gente também não aceitar a regra do jogo democrático. A eleição acabou, houve o primeiro e o segundo turno.”

Eu acho que há de caracterizar razões para o impeachment, e não o terceiro turno das eleições.
O que não é possível no Brasil é a gente também não aceitar a regra do jogo democrático. A eleição acabou.

Dilma Rousseff (PT), presidente da República.

“Terceiro turno das eleições para qualquer cidadão brasileiro não pode ocorrer, a não ser que você queira uma ruptura democrática. Se quiser uma ruptura democrática, eu acredito que a sociedade brasileira não aceitará rupturas democráticas e acho que nós amadurecemos suficiente para isso”, prosseguiu a presidente.

Dilma, no entanto, afirmou que o panelaço é “da regra democrática” e as manifestações pró-impeachment são legítimas.“Convocar [manifestações], quem convocar convoque do jeito que quiser. Ninguém controla quem convoca. A manifestação vai ter as características que tiver seus convocadores. Ela em si não representa nem a legalidade nem a legitimidade de pedidos que rompem a democracia.”

Sobre o panelaço, Dilma disse que na democracia é preciso “conviver com a diferença”. “O Brasil tem uma característica que eu julgo muito importante e que todos nós temos de valorizar, que é o fato de que aqui as pessoas podem se manifestar, e têm espaço para isso, e têm direito a isso. Eu sou de uma época que, se a gente se manifestasse, fizesse alguma coisa, acabava na cadeia, podia ser torturado ou morto. O fato de o Brasil evoluir, passar pela Constituinte de 1988, passar por processos democráticos e garantir o direito de manifestação é algo absolutamente valorizado por todos nós, que chegamos à democracia e temos de conviver com a diferença”, afirmou.

“O que nós não podemos aceitar é a violência, qualquer forma de violência não podemos aceitar. Mas manifestação pacífica são da regra democrática”, ressaltou a presidente.

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