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O deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA) perdeu nesta sexta-feira (16) o cargo de vice-líder do partido na Câmara dos Deputados por causa de suas relações com o doleiro Alberto Youssef e deve ser expulso da agremiação na próxima semana.

O encontro para discutir a expulsão de Argôlo foi marcado para a próxima terça-feira (17). Contas feitas por lideranças do partido apontam que, dos 24 deputados do SDD, apenas três apoiam a sua permanência na legenda. Relatório da Polícia Federal revelado na edição desta sexta pelo jornal Folha de S.Paulo mostra que o doleiro orientou o deputado a ocupar a vice-liderança do SDD para ficar "mais perto do governo". O relatório da PF foi enviado na última quinta-feira (15) pelo juiz federal Sérgio Moro ao Supremo Tribunal Federal para eventual abertura de ação penal contra o parlamentar.

Youssef está preso desde 17 de março deste ano na Operação Lava Jato sob acusação de comandar um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 10 bilhões, que teria ramificações em partidos como o PT, PMDB, PP e Solidariedade.

Na mensagem interceptada pela PF, de 9 de outubro do ano passado, o deputado do SDD pergunta ao doleiro: "Vc acha q devo pegar a vice lide ou a comissão de orçamento?? Ou nada??". "Pega a vice liderança porque esse cara não vai estar todo tempo aí. Assim você tem mais controle sobre ele e vai estar [o] tempo todo com [o] governo. Comissão de orçamento é muito boa, mas acho que em outro momento. Nesse [momento] tem que estar perto do governo ", respondeu o doleiro. "Esse cara" é o líder do SDD na Câmara, o deputado federal Fernando Francischini, do Paraná. Até agora a Justiça não encontrou indícios de crime na citação feita a Francischini.

O relatório enviado ao Supremo aponta indícios de que Argôlo usou verba da Câmara para pagar passagens aéreas e hotel em encontros que teve com o doleiro. O documento cita também que o deputado recebia dinheiro do doleiro no apartamento funcional cedido pela Câmara dos Deputados.

A PF contabilizou 1.411 mensagens trocadas entre os dois entre 14 de setembro de 2013 e 17 de março de 2014. O deputado usava o celular da Câmara ou um aparelho Black Berry exclusivo para trocar mensagens com o doleiro, ainda segundo a PF. Nesses seis meses, Youssef discute repasses de valores ao deputado que, se concretizados, somam cerca de R$ 1,5 milhão, segundo conta feita pela Folha de S.Paulo a partir dos valores mencionadas nas mensagens. O documento da PF aponta doações de empreiteiras a Argôlo que teriam sido intermediadas por Youssef.

Na quinta (15), a Comissão de Ética instaurou processo por quebra de decoro parlamentar contra o deputado, o que pode resultar na sua cassação. Argôlo não foi encontrado para comentar as suspeitas contra ele.

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