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Os advogados do governador José Roberto Arruda (sem partido) afirmaram nesta sexta-feira (5) que ele não enviou bilhete ao jornalista Edmilson Edson, conhecido como Sombra, em uma suposta tentativa de suborno. Nélio Machado e José Gerardo Grossi dizem que o papel tinha apenas "anotações" do governador. O ex-deputado distrital Geraldo Naves (DEM) chegou a dizer que o bilhete foi entregue por ele, mas que não tratava de suborno.

Nesta quinta, Sombra denunciou a suposta tentativa de suborno que teria sido feita a ele por um emissário do governador (veja vídeo ao lado). A entrega do dinheiro –R$ 200 mil, que seria a primeira de cinco parcelas– foi gravada pela Polícia Federal e o emissário acabou preso. Para comprovar a ligação do governador com o caso, Sombra entregou à PF um bilhete endereçado a ele supostamente escrito por Arruda.

"O governador não entregou papel a ninguém. Ele deixa sobre a mesa os papéis que escreve. Há uma profusão de papéis. Estes papéis são anotações, não significam bilhetes porque não têm destinatários", disse Machado.

O advogado chegou a levantar a hipótese de que Naves tenha pegado o papel na mesa de Arruda e levado para Sombra. Grossi, por sua vez, disse que o governador tem "mania de anotar" e deve ter feito as anotações em alguma conversa com Naves, mas que isso não teria relação alguma com uma tentativa de suborno.

Além de sugerir que Naves tenha pegado o papel da mesa de Arruda, Machado afirmou que as anotações podem ser de pontos de uma conversa do governador sobre um possível patrocínio ao jornal de Sombra. "Ele pode ter anotado pontos sobre o pedido de patrocínio a este jornal. Ele teria dito que não tinha rancor, disse que não tinha restrição, mas negou o patrocínio. Este papel ardilosamente está sendo transformado em algo espúrio".

Sobre a tentativa de suborno denunciada por Sombra e flagrada pela Polícia Federal, Machado classificou o episódio como "suspeito". Ele afirma que não há nenhuma atuação do governador no caso. Machado destacou ainda o fato de Antonio Bento da Silva, preso tentando realizar o suborno, ser funcionário de Sombra.

Grossi confirmou que Bento conhece Arruda. Os dois trabalharam juntos, segundo o advogado, mas são apenas "conhecidos". O advogado disse que tem informações de que Bento chegou a fazer campanha para o governador.

Arruda é apontado como chefe de um suposto esquema de corrupção no governo do Distrito Federal que envolve o pagamento de propina a empresários e deputados distritais e que ficou conhecido como mensalão do DEM. Arruda nega envolvimento com irregularidades.

"Cara a cara"

Nesta sexta, Sombra disse ao G1 que gostaria de ver o governador "cara a cara". "Eu quero vê-lo [Arruda] frente a frente, cara a cara. Quero ver, quero que ele desminta na cara as conversas todas do Bento e do Wellington, que em momentos separados falam a mesma coisa", disse Sombra.

Wellington Moraes, secretário de Comunicação do DF, seria um dos interlocutores das negociações de suborno. Segundo depoimento de Sombra à Polícia Federal, a mando do governador, Wellington foi substituído por Antonio Bentio como o intermediário.

O advogado de Arruda, José Gerardo Grossi, disse que o governador não vai se reunir com Sombra. "O tempo do duelo já passou. A Justiça é que vai definir quem está com a razão", disse Grossi, por meio da assessoria do governador.

Caixa de Pandora

O escândalo teve início em novembro, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Caixa de Pandora a partir de gravações feitas pelo ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal Durval Barbosa. Nos vídeos, empresários, deputados distritais e até o próprio governador, em uma imagem feita durante a campanha, aparecem recebendo maços de dinheiro.

Arruda responde a pedidos de impeachment na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Nesta sexta-feira, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) anunciou uma ação civil pública com o pedido do bloqueio de bens de Arruda. Em 2002 e 2006, Arruda declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio total de R$ 600 mil. Agora, só em imóveis, o patrimônio da família Arruda passaria de R$ 7 milhões.

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