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O assessor parlamentar João Claudio Genu, que trabalha para o líder do PP na Câmara, José Janene (PR), confirmou nesta sexta-feira, em depoimento na Polícia Federal, que funcionava como uma espécie de "mula" para transportar dinheiro em envelopes e malas do empresário Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão. No depoimento, Genu afirmou que os recursos eram para os deputados Pedro Corrêa (PP), Pedro Henry (PP) e Janene.

Segundo a procuradora Raquel Branquinho, do Ministério Público Federal, que acompanhou o depoimento, Genu confirmou também que foi à agência do Banco Rural receber os recursos. Ele disse ainda que entregava o dinheiro na tesouraria do PP, no 17º andar do Senado. Acrescentou que não sabia os valores nem a finalidade e que recebia o dinheiro de Simone Vasconcelos, funcionária de uma das empresas de Valério, e também uma das maiores sacadoras das contas do publicitário (cerca de R$ 6 milhões).

Genu contou ainda que um funcionário da tesouraria do PP o avisava para pegar o dinheiro e ele confirmava a ordem com Janene e Pedro Corrêa. A procuradora afirmou que o depoimento de Genu foi importante porque, além das provas documentais, agora tem o depoimento dele confirmando o esquema.

Genu estava desaparecido desde o mês passado, quando o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) denunciou o esquema do mensalão e acusou o PP de ser um dos beneficiados. Jefferson citara o nome de Genu com o 'homem da mala' do partido. O assessor de Janene é uma das 30 pessoas que a Polícia Federal pretende ouvir nos próximos 30 dias. Entre os depoentes estão o empresário Marcos Valério e sua mulher, Renilda de Souza. A funcionária deles Simone Vasconcelos prestará depoimento nesta segunda-feira. Todos os que fizeram saques nas contas do publicitário também serão ouvidos.

Segundo a CPI dos Correios, Genu sacou pelo menos R$ 850 mil do banco Rural quando já era assessor de Janene. Outra ligação do dinheiro de Valério com o deputado Janene foi descoberta no último dia 25 pela comissão. Foram encontradas por integrantes da CPI transferências no valor de R$2,940 milhões da 2S Participações, uma das empresas do publicitário, entre abril e maio de 2004, para a corretora de valores Bônus-Banval, onde trabalhava, na época, a filha do líder do PP, Michele Janene.

A CPI dos Correios investiga ainda outros dois saques que teriam sido destinados a Janene: o de R$ 255 mil na conta da DNA feito no dia 10 de setembro de 2004 por Benoni Nascimento Moura, que trabalha na Bônus-Banval; e o de R$ 50 mil feito por Luiz Carlos Manzano, identificado pelos técnicos da comissão como um funcionário da corretora. Somadas, as transferências suspeitas chegam a R$ 4,355 milhões. O dinheiro, acreditam os integrantes da comissão, pode ter sido destinado a clientes da corretora, que o receberiam depois como resultado de um investimento.

O PP informou que só vai se manifestar sobre as declarações de Genu depois que tiver acesso ao depoimento do assessor.

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