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Congresso

Associação de juízes vigiará a Câmara para evitar "pauta surpresa"

Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) decidiu montar um plantão no Parlamento durante todos os dias desta semana para evitar "surpresas" antes do Carnaval

Desconfiada de que a Câmara dos Deputados possa votar e aprovar uma "pauta surpresa" às vésperas do carnaval, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) decidiu montar um plantão no Parlamento durante todos os dias desta semana. A AMB teme que a Câmara inclua na Constituição o financiamento privado de campanha na proposta de reforma política.

"Se isso ocorrer, estaremos levando o País para o caos, porque já sabemos que a origem da corrupção está no financiamento privado das campanhas", disse o presidente da AMB, juiz João Ricardo dos Santos Costa. Ele afirmou ter informações de que a tentativa de constitucionalizar o financiamento das campanhas é uma forma de revogar uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que proíbe esse tipo de doação. A norma só não está valendo porque o ministro Gilmar Mendes pediu vista da ação, que obteve a maioria de votos dos ministros da Suprema Corte.

"As empresas que financiam os candidatos são as mesmas que fazem grandes negócios com o governo", disse João Ricardo. "Só em 2014 as empresas gastaram cerca de R$ 5 bilhões com as campanhas políticas. Desse jeito fica difícil combater a corrupção", afirmou o magistrado. "Não é possível privatizar a democracia."

A AMB defende o financiamento misto, que consta do projeto de lei de iniciativa popular do Movimento de Combate à Corrupção. Pela iniciativa, nenhuma empresa poderá financiar candidatos, porque pessoa jurídica não vota. Mas as pessoas físicas poderão doar até R$ 700. O restante será feito pelo financiamento público de campanha.

Os magistrados são contrários também à chamada "PEC da bengala", emenda constitucional que permite ao magistrado exercer a função até os 75 anos. Hoje ele se aposenta compulsoriamente aos 70 anos. Para João Ricardo, mudar a Constituição quanto à idade limite dos magistrados é danoso porque terá reflexos na Previdência Social, por desestimular que os juízes optem por seguir a carreira enquanto aguardam a chance de promoção aos tribunais superiores. Além do mais, para ele, o magistrado deve dar lugar aos que chegaram há menos tempo, porque eles representam ideias novas e decisões modernas, enquanto os mais antigos tendem ao conservadorismo. A inclusão ou não do projeto da pauta será decidida hoje entre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e os líderes partidários.

O presidente da AMB, porém, sabe que será difícil evitar a aprovação da "PEC da bengala". É que há um forte conjunto de parlamentares fazendo a sua defesa hoje, visto que quando entrar em vigor a presidente Dilma Rousseff não poderá mais nomear nenhum ministro dos tribunais superiores, pois nenhum deles se aposentará compulsoriamente pelos próximos cinco anos e ela tem menos de quatro anos de mandato.

Se tal medida estivesse valendo, caberia a Dilma escolher apenas o substituto do ministro Joaquim Barbosa, do Supremo, que se aposentou no ano passado e ainda não teve a vaga preenchida.

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