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Relator da comissão do impeachment, Antonio Anastasia, conversa com José Eduardo Cardozo, presidente de Dilma Rousseff. | Pedro França/Agência Senado
Relator da comissão do impeachment, Antonio Anastasia, conversa com José Eduardo Cardozo, presidente de Dilma Rousseff.| Foto: Pedro França/Agência Senado

O processo do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff tramita no Senado conforme a repercussão dos atos políticos do governo interino. Desde que os parlamentares decidiram pela admissibilidade da denúncia, em 12 de maio, os momentos mais críticos se sucederam a fatos relacionados à Operação Lava Jato.

A primeira reunião da Comissão do Impeachment do Senado após a sessão que decretou o afastamento temporário de Dilma foi em 25 de maio, dois dias depois de vir à tona gravações comprometedoras do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com caciques do PMDB. As conversas levaram o senador Romero Jucá (PMDB-RR) a se licenciar do Ministério do Planejamento e deram munição para a defesa de Dilma.

O petista Lindbergh Faria (RJ) alegou que o presidente interino Michel Temer queria Dilma afastada para interferir na Lava Jato. Apresentou uma questão de ordem e queria barrar a tramitação do processo, pedido negado pelo presidente da comissão, Raimundo Lira (PMDB-PB).

Mas a revolta dos aliados de Dilma foi grande, impedindo inclusive a votação do cronograma sugerido pelo relator, Antonio Anastasia (PSDB-MG). Lira, com uma postura cautelosa, concedeu vistas para que os senadores sugerissem mudanças. A decisão sobre as datas ficou para 2 de junho.

Entre uma reunião e outra, porém, novos fatos políticos prejudicaram a imagem do governo de Temer e embaralharam o processo de impeachment. Gravações feitas por Sérgio Machado sugeriam que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente José Sarney estariam articulando contra a Operação Lava Jato.

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Depois veio à tona o áudio com o então ministro da Fiscalização, Transparência e Controle, Fabiano Silveira, criticando a força-tarefa. Servidores da pasta, antiga Controladoria-Geral da União (CGU) entregaram seus cargos de confiança, em protesto. A pressão levou Silveira a deixar o cargo no dia 30. Em 1.º de junho, o ex-ministro José Eduardo Cardozo entregou o documento de defesa de Dilma, incluindo as gravações feitas por Sérgio Machado.

Tentando construir uma pauta positiva, ainda que agradando apenas servidores públicos, Temer deu aval para a Câmara dos Deputados aprovar 14 projetos de reajuste salarial. Isso gerou questionamentos quanto ao comprometimento do novo governo com medidas de ajuste fiscal. Nos dias seguintes, cresceu o coro dos senadores que se diziam indecisos quanto ao impeachment de Dilma.

Em meio aos fatos que pesavam contra o governo Temer, surgiu a possibilidade de reduzir os prazos de defesa da presidente afastada, o que encurtaria a tramitação do processo. A proposta foi veemente rechaçada pela defesa, que abandonou a reunião do dia 2. Foi apenas em 6 de junho que o cronograma foi aprovado, mantendo o prazo original de 15 dias para alegações finais da acusação e defesa. Mas permaneceram as datas sugeridas por Anastasia, e a previsão é que a comissão vote o afastamento definitivo de Dilma em 27 de julho, e o plenário, em 1.º e 2 de agosto.

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