
O resultado de duas pesquisas divulgadas ontem mostra que o agravamento da crise econômica começa a surtir efeito negativo sobre a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Pela primeira vez desde setembro de 2007, a pesquisa CNI/Ibope registra queda na avaliação positiva do governo do petista. Levantamento do Instituto Datafolha, publicada ontem pelo jornal Folha de S. Paulo, também indica popularidade menor.
Neste mês, a avaliação ótimo/ bom da gestão de Lula ficou em 64%, ante 73% em dezembro de 2008, de acordo com o CNI/Ibope. A nota média (que varia de zero a dez) atribuída pela população ao governo do presidente Lula recuou de 7,8 em dezembro para 7,4 neste mês de março. Já a confiança no petista recuou de 80% 74%. Por outro lado, subiu de 18% para 23% os entrevistados que afirmaram não confiar no presidente Lula.
O diretor de Relações Institucionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Marco Antônio Guarita, avaliou que a pesquisa mostra uma mudança de tendência, gerada pela crise financeira internacional. Segundo a pesquisa, o brasileiro acredita que a solução da crise está mais distante. Reduziu de 23% em dezembro para 4% em março os que acreditam no fim da crise no primeiro semestre de 2009. Por outro lado, aumentou de 13% para 25% o porcentual dos que acreditam que a crise será superada só em 2010.
Segundo a pesquisa, caiu de 57% em dezembro para 46% a aprovação do governo no combate ao desemprego. Já o porcentual dos que desaprovam as ações nessa área subiu de 40% para 50%.
No levantamento feito pelo Datafolha, a queda de cinco pontos percentuais na aprovação do governo Lula freou, pela primeira vez no segundo mandato, a trajetória de ascensão mantida desde março de 2007, quando marcava 48%. Apesar da queda, a aprovação de Lula continua acima dos índices atingidos pelos demais presidentes durante seus respectivos mandatos desde a redemocratização do país. No auge da popularidade do Plano Real, a maior aprovação obtida por Fernando Henrique Cardoso foi de 47%, em 1996. Entre os entrevistados, mais da metade (55%) acredita que o Brasil será pouco prejudicado pela crise. A percepção de que o país sofrerá forte impacto, porém, subiu de 20% para 31%.
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse ontem que o governo não vê "com nenhum tipo de preocupação" o resultado do Datafolha. "O governo está com excelente índice de aprovação. Por outro lado, quem governa tem de enfrentar as questões e resolvê-las. O ônus de governar é esse", afirmou o ministro. Na opinião do ministro, o governo está bem e o resultado da pesquisa poderá ser revertido no curto prazo.



