
Os dados de execução orçamentária elaborados pela Câmara Federal e pelo Senado mostram que os parlamentares do Paraná têm uma dificuldade recorrente para garantir maior repasse de verbas. No ano passado, o estado recebeu R$ 64,5 milhões em emendas de bancadas. Isso representou pouco menos da metade do que havia sido autorizado (R$ 136,2 milhões). Com esse desempenho, a bancada paranaense foi apenas a 15ª, entre as 27 unidades federativas, em liberação de recursos.Mas em 2002, quando os representantes do Paraná no Congresso eram outros, e o Palácio do Planalto era ocupado por Fernando Henrique Cardoso, a situação não foi muito diferente. Naquele ano, do total de emendas de bancada autorizado (R$ 182,6 milhões), foram efetivamente liberados R$ 84,2 milhões, ou 46,1%. O Paraná foi o 13.º em execução.
Os relatórios de execução de emendas mostram também que o fator partidário não pesa muito na hora de o Planalto liberar verbas aos parlamentares. Os quatro estados com melhor índice de execução de emendas são Distrito Federal, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Alagoas, todos governados por legendas de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o primeiro pelo DEM e, os outros três, pelo PSDB.
"Na Câmara Federal, os deputados do PT e do PSDB se relacionam muito bem quando se trata de garantir mais recursos para Minas", diz a professora Márcia Soares, do Departamento de Ciência Política da UFMG. Outro ponto que favorece o estado, diz ela, é a presença de mineiros em postos-chaves do Congresso. "A atuação na Comissão Mista do Orçamento é muito importante. E, até o ano passado, o vice-presidente da Câmara era mineiro."
Sem universidades
Segundo o deputado Alex Canziani (PTB), coordenador da bancada do Paraná, o principal entrave para a captação de recursos para o estado é o número reduzido de universidades federais. Atualmente, há apenas duas instituições: a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), que só ganhou esse status em 2005. A terceira, a Universidade Federal de Integração Latino-Americana, foi criada no ano passado e deve iniciar as aulas no segundo semestre deste ano. Em Minas Gerais, por exemplo, há nove instituições; no Rio Grande do Sul, dez.
Falta de apoio
Mas Canziani critica a falta de apoio do governador Roberto Requião (PMDB). "Uma coisa é um parlamentar, ou mesmo a bancada correr atrás. Se houvesse a presença mais forte do Executivo, seria muito mais fácil. Queira ou não, o grande líder de um estado é o governador. Mas isso não é de agora. Com o Jaime Lerner também era assim", relata. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, já mencionou em várias ocasiões que o estado poderia receber outro tratamento se houvesse mais empenho do governo estadual. Canziani também se diz insatisfeito com o escritório político do Paraná em Brasília, chefiado por Eduardo Requião. "Não modificou em nada a situação." Sobre a atuação dos parlamentares no Congresso, o deputado é categórico: "Sempre que o Paraná precisa, a bancada se une. Não existe essa coisa de um partido ou outro partido. O que falta é a instituição governo estadual para pleitear recursos."



