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Repercussão

Barbosa repudia declaração de Lula sobre mensalão

Em Portugal, ex-presidente disse que o julgamento que resultou na condenação de petistas foi “80% político e 20% jurídico” e afirmou que a história será “reescrita”

 | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
(Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reagiram duramente ontem à declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o julgamento do mensalão. Em entrevista à Rádio e Televisão Portuguesa exibida no fim de semana, Lula disse que a condenação de ex-dirigentes do PT foi resultado de "80% de decisão política e 20%, jurídica". Ele afirmou ainda que a história do mensalão será "reescrita".

O presidente do STF, Joaquim Barbosa, repudiou as críticas com a veemência. "Lamento profundamente que um ex-presidente da República tenha escolhido um órgão da imprensa estrangeira para questionar a lisura do trabalho realizado pelos membros da mais alta corte do país", afirmou. "A desqualificação do Supremo Tribunal Federal, pilar essencial da democracia brasileira, é um fato grave que merece o mais veemente repúdio."

Condenações técnicas

Para outros ministros do STF que participaram do julgamento, as condenações foram técnicas. "O dia que em pensarmos que o STF decide a partir de enfoque político, estaremos muito mal", afirmou o ministro Marco Aurélio Mello. "Não sei qual foi o instrumento utilizado pelo presidente para encontrar essas porcentagens. Mas ele nos deu um crédito, de 20%. Quase uma gorjeta".

O ministro Gilmar Mendes disse que a declaração foi "engraçada" e lembrou que Lula chegou a pedir desculpas aos brasileiros por causa do mensalão. "Agora, inclusive, nós temos esta conta, que também é muito singular. Julgamento político em 80%, 20% jurídico. Como ele não é da área jurídica, talvez também ele esteja adotando um outro critério", disse. "Está tudo muito engraçado".

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ressaltou que os réus tiveram amplo direito à defesa, o que descartaria um "julgamento político". "Ele [Lula] tem todo o direito de falar, todo brasileiro tem. Foi uma ação penal que se desenvolveu perante o mais alto tribunal do país, que chegou ao seu final garantida a ampla defesa e o contraditório", disse.

O senador Aécio Neves (MG), pré-candidato do PSDB à Presidência, criticou duramente o petista e disse que ele "não honra a história de um homem que foi presidente da República". "É lamentável vermos um ex-presidente da República fazer afirmações que depõem contra o poder Judiciário", comentou. "Essa declaração não engrandece o currículo do ex-presidente. Pela importância do cargo que ocupou, ele deveria ser ele o primeiro a zelar pelo respeito às nossas instituições".

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