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crise política

Base “derrete” e expõe Dilma a derrotas na “pauta-bomba” e a risco de cassação

PDT e PTB deixam o grupo de partidos aliados na Câmara. E deputados aprovam projeto que aumenta gastos em R$ 2,5 bi

O país quase de cabeça para baixo: apenas um terço dos deputados são hoje fiéis a Dilma. | Sérgio Moraes/Reuters
O país quase de cabeça para baixo: apenas um terço dos deputados são hoje fiéis a Dilma. (Foto: Sérgio Moraes/Reuters)

A pauta-bomba começou a explodir. A faísca para abertura do processo de impeachment foi acesa. E a base aliada, que poderia conter o incêndio, encolheu. O cenário dos três primeiros dias de votação no Congresso Nacional após o recesso parlamentar é de terra arrasada para o governo Dilma Rousseff. Um caos que expõe o esgotamento do modelo de articulação política do Palácio do Planalto e que fortalece cada vez mais o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Após o anúncio de que PDT e PTB romperam com o governo, a estimativa do diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz, é de que a base “fiel” a Dilma na Câmara ficou restrita a 170 deputados (um terço do total de 513).

“São os que permanecem dispostos a votar em pelo menos 70% dos casos a favor do Executivo”, descreve. Outros 150 “flutuam”, ou seja, se dividem em votações contra ou a favor, dependendo do grau de empenho do governo.

O contingente expõe Dilma à possibilidade de derrota em qualquer votação. Com os votos dos 170 “fiéis” e da metade dos “flutuantes” (75), a presidente estaciona em um teto de cerca de 245 aliados.

O número seria insuficiente, por exemplo, para impedir a rejeição das contas da gestão da presidente em 2014, tema que pode gerar o início de um processo de impeachment e dependeria dos votos de maioria simples. E não evitou, na quarta-feira, a aprovação do primeiro item da “pauta-bomba”, a Emenda 443, que aumenta salários dos advogados públicos da União, dos procuradores estaduais e de delegados das polícias Civil e Federal.

O texto, que contou com o apoio inclusive de petistas e passou por 445 votos a 16, terá impacto de R$ 2,5 bilhões nas contas do governo, com efeito-cascata nas administrações estaduais.

A debandada segue a queda de popularidade da presidente Dilma. Nesta quinta-feira (6), o Datafolha mostrou que a presidente chegou a 71% de reprovação, índice superior ao de Fernando Collor na época do impeachment, em 1992. Perguntado sobre o resultado da pesquisa, Cunha disse que a “presidente precisa recomeçar do zero”.

Insatisfação

Único petebista da bancada paranaense na Câmara, Alex Canziani disse que a decisão do partido se deveu a um “processo de insatisfação muito grande”. “Não foi ontem que nasceu o descontentamento”, afirmou o parlamentar.

Ele citou que Dilma nunca conseguiu estabelecer lideranças com interlocução com a base, além de não ter cumprido promessas relacionadas à liberação de recursos de emendas e programas de interesse dos aliados.

O PTB tem 25 deputados, 3 senadores e o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro. Já o PDT tem uma ligação ainda mais forte com o governo – foi o primeiro partido de Dilma e esteve na chapa da presidente nas campanhas de 2010 e 2014. Os pedetistas têm 19 cadeiras na Câmara e seis no Senado.

Além disso, o PDT controla o Ministério do Trabalho, com Manoel Dias, e outros cargos importantes, como a vice-presidência de Agronegócios do Banco do Brasil, com o paranaense Osmar Dias. Apesar da ruptura, nenhuma das duas legendas indicou que vai abandonar os postos.

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