
Brasília - Os ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Comunicações) rebateram ontem informações sobre o uso de um avião particular de um dos donos da empreiteira Sanches Tripoloni. Reportagem publicada pela revista Época desta semana cita que os dois teriam viajado em uma aeronave de Paulo Francisco Tripoloni em 2010, quando ele era ministro do Planejamento e ela pré-candidata pelo PT ao Senado. Com sede em Maringá, a construtora tem 30 contratos de obras rodoviárias com o governo federal nos últimos nove anos, sete deles no Paraná.
"É uma matéria completamente leviana", disse Paulo Bernardo à Gazeta do Povo. A acusação da revista sobre a utilização de um turboélice King Air é amparada pelos depoimentos de dois congressistas (um de oposição e outro governista), cujos nomes não foram revelados. "Tem gente que confunde imunidade parlamentar com impunidade", completou o ministro.
Ele e Gleisi divulgaram notas oficiais sobre o caso. O texto distribuído pela assessoria da Casa Civil reforça que ela não utilizou aviões de particulares durante exercício de cargo público. Além disso, justifica que, ao longo da campanha ao Senado, ela utilizou aeronaves fretadas, "com contrato de aluguel firmado". A revista Época, porém, diz que ela utilizou o avião de Tripoloni durante a "pré-campanha". Ou seja, no período em que os comitês eleitorais não estão formalizados e não executam gastos.
A prestação de contas de Gleisi ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cita pelo menos três despesas com empresas de táxi aéreo. A Hércules Ltda. recebeu R$ 52,3 mil e a Helisul Ltda. R$ 4,68 mil. Como não era ministra à época, mesmo que tivesse usado a aeronave a petista não teria cometido uma ilegalidade a restrição está prevista no Código de Conduta da Alta Administração Federal.
Já Bernardo não descarta a hipótese de ter realizado alguma viagem com o avião da empreiteira, mas garante que "jamais" solicitou ou recebeu a oferta de "qualquer meio de transporte privado em troca de vantagem na administração pública federal". Na nota, ele explica que participou, nos fins de semana, feriados e férias, da campanha de 2010 no Paraná. Nessas viagens teriam sido utilizados apenas aviões fretados pelo comitê eleitoral de Gleisi ou do PT.
"Não tenho, porém, condições de lembrar e especificar prefixos e tipos, ou proprietários, dos aviões nos quais voei no período", diz o texto. Em entrevista, o ministro declarou que entrou em contato com a Sanches Tripoloni para buscar mais dados da aeronave. "O advogado deles me falou que o avião nunca foi alugado."
A reportagem contatou a empreiteira para checar as informações, por e-mail e telefone, mas não obteve resposta até o fechamento da edição. À revista, a empresa informou que "não tem conhecimento sobre o transporte das autoridades em questão".
Na campanha ao Senado em 2010, Gleisi recebeu R$ 510 mil em doações de três sócios da empreiteira Antonio Sanches, João Sanches Junqueira e Francisco Tripoloni. Ao todo, eles doaram como pessoas físicas R$ 1,29 milhão. Já a Sanches Tripoloni distribuiu, como pessoa jurídica, R$ 4,73 milhões, sendo R$ 2 milhões apenas para a direção nacional do PR, que comandava o Ministério dos Transportes até julho de 2010.
Procurada para comentar as doações no mês passado, a empresa enviou nota à Gazeta do Povo na qual informou que "sempre acreditou na democracia representativa e plural e que todas as contribuições foram devidamente registradas no TSE".
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