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Curitiba – A campanha do candidato do PT à prefeitura de Curitiba nas últimas eleições, Ângelo Vanhoni, foi uma das principais beneficiadas por um conjunto de doações feito legalmente pelo Banco BMG a candidatos de todo o país. De um total de R$ 795 mil doados a campanhas – dos quais R$ 505 mil destinados a petistas –, R$ 100 mil foram repassados à candidatura de Vanhoni, de acordo com dados declarados à Justiça eleitoral. Com uma doação de R$ 200 mil, apenas o candidato a prefeito de Belo Horizonte João Leite (PSDB) recebeu mais do que Vanhoni. No total, 21 petistas de todo o país foram contemplados.

O BMG foi a instituição junto à qual o PT, sob orientação do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, contraiu em 2003 um empréstimo no valor de R$ 2,4 milhões, avalizado pelo publicitário mineiro Marcos Valério de Sousa, apontado como o operador do mensalão na Câmara.

O aporte dado pelo BMG foi quinto maior entre as empresas que colaboraram com a candidatura petista em Curitiba. Mesmo assim, o hoje deputado estadual Ângelo Vanhoni diz desconhecer o motivo pelo qual um banco de Minas Gerais teria interesse de apoiar sua campanha. "Isso você tem que perguntar para ao BMG", disse. "Se o BMG estava fazendo ou fez qualquer ato que não seja correto há um ou dois anos atrás, como eu poderia saber?", questionou, chamando a atenção para o fato de se tratar de uma doação legal, que consta na prestação de contas apresentada ao Tribunal Regional Eleitoral. "Eu não tenho nenhum relacionamento pessoal com qualquer diretor do BMG, nunca entrei nesse banco", afirmou.

Vanhoni disse ainda que sua equipe solicitou contribuições a diversas empresas, não só instituições financeiras, mas de todas as áreas de atuação. Algumas aceitaram coloborar, outras não. "Se estava de acordo com a lei, não havia razão para não aceitarmos".

Em nota, o BMG informou que escolheu "apoiar candidaturas que, independentemente de siglas partidárias, pudessem dar sustentação e continuidade ao programa de estabilização, com crescimento econômico".

Ajuda nacional

O fato de o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares ter afirmado genericamente que a prática do caixa 2 é comum em todos as campanhas eleitorais não abalou o deputado Vanhoni. "Quem controla a contabilidade do PT nacional é o PT nacional. Se nem os dirigentes da executiva estavam sabendo, imagine nós aqui", disse. "O que é de nosso conhecimento está absolutamente legal. O diretório nacional nos colocou à disposição uma ajuda para pagamento de alguns shows, e as notas estão no TRE. O que nós recebemos de recurso está público".

De acordo com o deputado, os showmícios realizados durante sua campanha, como o da dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano, foram pagos pela direção nacional do partido, que organizou um pacote de shows em várias cidades do país. "Nós não teríamos recurso para isso," disse. Ainda segundo Vanhoni, sua campanha terminou com uma dívida de aproximadamente R$ 800 mil, que foi contabilizada junto à Justiça Eleitoral e que integra a dívida nacional do partido.

O tesoureiro da campanha do PT de Curitiba em 2004, Maurício Scheller, também não sabe explicar porque o BMG teria doado dinheiro à candidatura de Vanhoni. "Eu desconheço o interesse do banco, mas o que está declarado na prestação de contas é o que ocorreu", disse. "Com certeza o Delúbio falou não se aplica em termos locais. Aqui em Curitiba, como fui o tesoureiro, tenho como afirmar com muita segurança que não houve prática de caixa 2. Todas as arrecadações que fizemos nós declaramos".

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