O Corpo de Bombeiros irá tentar resgatar sobreviventes do desastre da TAM pelo subsolo do prédio atingido pelo Airbus. Nesta madrugada, os bombeiros fizeram um reforço no local, pois ainda há risco de desabamento. Nesta quinta-feira, um segundo guindaste será usado na retirada de escombros.
Até o momento, 180 corpos já foram retirados do local do acidente. Os trabalhos de resgate de vítimas foram paralisados nesta madrugada para que o Corpo de Bombeiros removesse o combustível do reservatório do posto de gasolina destruído pelo acidente com Airbus da TAM. Os trabalhos de buscas e rescaldo devem se estender até o final de semana. ( Veja a lista dos mortos divulgada pela TAM ).
As equipes vão continuar procurando corpos nos destroços do avião e do prédio atingido pela aeronave. Além dos 186 passageiros, havia pelo menos 55 pessoas trabalhando no local. Durante entrevista coletiva, a TAM chegou a anunciar que três funcionários haviam morrido no galpão. À noite, no entanto, a empresa corrigiu a informação: até o momento uma funcionária morreu no galpão atingido pela aeronave. Outros seis ainda estão desaparecidos. Mas o número de desaparecidos pode ser maior, já que não se sabe se havia outras pessoas, como clientes, no edifício da TAM Express, que despacha cargas. Nesta quarta-feira, a polícia divulgou também uma lista de feridos no acidente atendidos em cinco hospitais da capital. O primeiro corpo, do passageiro Oswaldo Luis de Souza, foi enterrado em São Paulo.
O trabalho do Corpo de Bombeiros no local do desastre é difícil e vagaroso. Muitos curiosos acompanham com consternação. Os corpos são retirados do prédio totalmente carbonizados e estão presos às ferragens. Eles foram removidos pela lateral e pelas janelas do prédio. Os bombeiros tentam evitar danos aos corpos para que a identificação seja facilitada. Cerca de 150 homens trabalharam no local da tragédia na quarta. Os corpos estão sendo enviados para o Instituto Médico Legal (IML) central, onde uma verdadeira operação de guerra foi montada para agilizar o trabalho de identificação.
Corpos chegam ao IML central - Sergio Barzaghi - Diário de S. Paulo Das 173 vítimas que chegaram ao IML, pelo menos 53 corpos já foram periciados. Doze vítimas já foram identificadas e onze delas, liberadas: Oswaldo Luis de Souza; José Antonio Lima da Luz; José Luiz Souto Pinto; Michele Dias Miranda, João Francisco Caltabiano; Fabio Martinho Velloza Novakoski; Fernando Volpe Estato; Silvânia Regina Avila Alves, Guilherme Duque de Moraes, Márcio Rogério Andrade, Melissa Andrade e Rubem Wiethaeuper.
De acordo com técnicos do IML, o trabalho será mais complicado daqui para a frente já que os corpos estão totalmente carbonizados. O ministro da Saúde determinou a liberação imediata dos corpos das vítimas.
Toda a equipe de médicos legistas, auxiliares de autópsia, fotógrafos trabalha na identificação das vítimas. Cinco médicos-legistas conversam com os parentes dos passageiros, que já chegaram a São Paulo. Eles fornecem informações sobre altura, tipo sangüíneo, sinais particulares, como cicatrizes ou tatuagens, que possam ajudar a identificá-los. Anéis, correntes, roupas e objetos pessoais que não foram carbonizados pelo incêndio que se seguiu à explosão também são elementos importantes para a identificação. Os parentes também receberam atendimento psicológico no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas. Eles vivem momentos de dor, angústia e desespero.
No local do acidente, os bombeiros conseguiram controlar as labaredas durante a madrugada. Mas por volta das 18h desta quarta um novo foco de incêndio apareceu. Por enquanto, está afastado o risco de novas explosões. Os bombeiros temem que o prédio possa desabar totalmente.
Na quarta-feira, a Polícia Civil de São Paulo começou a ouvir testemunhas do acidente com o vôo 3054. O inquérito está sendo presidido pelo delegado titular do 27º Distrito Policial da cidade, José Barbosa. De acordo com Aldo Galeano, titular do Departamento de Justiça Judiciária da capital (Decai), a caixa preta foi localizada e está com Aeronáutica, assim como as fitas com imagens da pista. Segundo Galeano, caberá à Justiça decidir se as investigações prosseguem pelo Ministério Público Federal, Polícia Federal e Aeronáutica ou pelo Ministério Público Estadual e a Polícia Civil.
A pista principal de Congonhas está interditada até a próxima sexta-feira para os trabalhos de perícia. O Ministério Público Federal quer a interdição total do aeroporto até o fim das investigações.
- O que acontece dentro do aeroporto é tratado na esfera federal e o que acontece fora pela Polícia Civil: onde o avião explodiu é de responsabilidade da Polícia Civil. Por isso, temos um conflito que será decidido pela Justiça - afirmou Galeano.
A Defesa Civil interditou pelo menos 27 imóveis ao redor do local do acidente. Eles não apresentam risco de desabamento, mas por precaução os moradores foram retirados. Eles passaram a noite bem hotéis.
O Airbus 320 da TAM que fazia o vôo 3054, proveniente de Porto Alegre e com 186 pessoas a bordo, das quais seis eram tripulantes, derrapou ao pousar na pista nova do aeroporto, atravessou a Avenida Washington Luiz sem tocar no asfalto e explodiu dentro do prédio da TAM Express, a empresa de remessas da própria companhia.



