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Tragédia no metrô

Bombeiros se aproximam de local onde estariam desaparecidos

Mais um carro foi encontrado. Equipes divergem sobre a possibilidade de haver sobreviventes sob os escombros. Casas afetadas começam a ser demolidas

Atualizado em 14/01/2007, às 16h36

O Corpo de Bombeiros encontrou, por volta das 14h, uma bolsa entre os escombros da cratera formada pelo desabamento no canteiro de obras da Estação Pinheiros do metrô, na linha 4. O objeto indica que possíveis vítimas do acidente estariam próximas das escavações. De acordo com o secretário de Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, os bombeiros retomaram os trabalhos nos túneis de acesso à estação. Marzagão informou que um veículo foi encontrado em um dos túneis, mas ainda não sabe dizer se é a van desaparecida.

Neste domingo, homens do resgate chegaram a ver o que seria o pára-choque da van da Transcooper soterrada no acidente. A esperança de encontrar sobreviventes continua, mas os próprios bombeiros têm opiniões divergentes.

Continuam desaparecidos Reinaldo Aparecido Leite, de 43 anos, o motorista da van; Wescley Adriano Silva, de 22, cobrador da lotação; Márcio Rodrigues Alambert, de 31, funcionário público; Francisco Silvino Torres, de 47 anos, motorista de um dos caminhões que trabalhavam na obra; e a aposentada Abigail Rossi de Azevedo, de 75 anos. Nesta manhã, um comerciante disse que sua mulher, a advogada Valéria Marmit, também pode estar na cratera . Ela costumava utilizar lotações na região. Uma outra pessoa que estaria na van não foi identificada.

No final do sábado e começo deste domingo,as 56 casas que correm risco de desabar na região começaram a ser demolidas. Os moradores da região ainda estudam entrar com ação na Justiça contra o estado e o consórcio de empreiteiras da obra.

Nesta madrugada, mais um carro foi retirado dos escombros. Os bombeiros já retiraram 5 veículos do local, todos sem ocupantes. De acordo com o Corpo de Bombeiros, a van do consórcio Transcooper com 4 pessoas estaria a 8 metros dos locais de escavaçã. A Defesa Civil, no entanto, disse que os trabalhos no local são difíceis e sem hora para terminar por causa da grande quantidade de terra na cratera.

As famílias dos desaparecidos aguardam há mais de 45 horas no local. A apreensão é grande e os parentes reclamam da falta de notícias.

Cronograma de obras não será alterado

Segundo o governador José Serra, o acidente não vai alterar o cronograma de obras do Metrô. A previsão de entrega de parte da linha 4 é no primeiro semestre de 2009. O tucano ainda disse que o estado não terá prejuízos, pois todos os gastos com o trabalho de recuperação serão cobertos pelo seguro do consórcio responsável pela obra. O prejuízo dos moradores também será coberto pelo seguro.

Os trabalhos de estabilização da grua de 50 toneladas, que ameaça cair sobre a Marginal do Pinheiros e em casas da região começaram neste sábado. Operários colocaram 250 toneladas de contrapeso para evitar que o guindaste caia sobre a Marginal do Pinheiros. O guindaste só não caiu porque a base de sustentação está há 17 metros abaixo do solo.

As buscas por possíveis vítimas do desabamento das obras da Estação Pinheiros do metrô, que ocorreu às 15h desta sexta-feira, continuaram nesta madrugada e foram feitas por 30 homens do Corpo de Bombeiros.

De acordo com o consórcio Via Amarela, que realiza as obras do ramal, as fortes chuvas que caíram na capital paulista entre dezembro e o começo de janeiro podem ter causado o desabamento . O consórcio descartou ainda negligência ou falhas que possam ter causado o acidente. Um engenheiro do consórcio admitiu que o teto da laje cedeu antes do desabamento e havia trincas.

Os bombeiros usam cães farejadores para encontrar as vítimas. No começo da tarde deste sábado, os trabalhos de escavação dentro dos túneis foram finalizados. No local, o Corpo de Bombeiros encontrou dois carros - um Palio e um Corsa - soterrados. Os veículos estavam na rua do lado de fora da obra e teriam sido engolidos pela enorme cratera, juntamente com a van desaparecida. Neste momento, os trabalhos se concentram apenas na superfície.

O trabalho no local é difícil, está sendo feito a 35 metros de profundidade, e tende a ser demorado porque há muita lama. A água estava acima dos joelhos. Os bombeiros usam máscaras de oxigênio, pois é forte o cheiro de combustível que vazou de carros soterrados no local.

Quatro feridos

Pelo menos quatro pessoas que trabalhavam no local ficaram feridas com o desabamento do canteiro de obras. O acidente ocorreu na Avenida Nações Unidas, altura do número 7.000, em Pinheiros, na zona oeste da cidade. Ali fica a estação Pinheiros da linha 4, que está em construção. As duas pistas da Marginal Pinheiros, sentido Castello Branco, tiveram de ser interditadas e o rodízio pode voltar na segunda-feira para evitar congestionamentos na região .

No canteiro de obras, um guindaste trabalha ainda para retirar dois outros caminhões que estão na cratera. A terra da cratera está sendo retirada por escavadeiras que estão no local e o volume de entulho equivale a um prédio de 10 andares.

As causas do desabamento ainda não estão esclarecidas. A Prefeitura e o Metrô dizem que só vão se pronunciar após os laudos periciais. O governador José Serra, durante visita ao local do acidente, disse que não cabe a ele fazer especulação sobre causas do desabamento . Testemunhas, por outro lado, afirmam que um bloco de concreto pode ter caído de um guindaste. Segundo especialistas, no entanto, o tipo de solo arenoso favorece acidentes . Apesar disso, autoridades do governo estadual garantiram que o túnel que já passa sob o Rio Pinheiros não está comprometido.

Pelo menos 42 famílias foram retiradas de cerca de 56 casas do local. Cerca de 132 pessoas foram alojadas em hotéis. A Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana reforçaram o policiamento na região para evitar roubos às residências. De acordo com o sindicato dos Metrviários já houve 11 acidentes na linha 4, com uma morte.

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