São Paulo e Brasília - A disputa por espaços no Executivo começa a atingir o vice-presidente, Michel Temer, dentro do governo e em seu próprio partido. Presidente licenciado do PMDB, Temer ficou no meio de duas trincheiras com o princípio de crise entre PT e PMDB.
De um lado, seu partido passou a exigir-lhe a defesa de suas demandas por cargos na Esplanada e em estatais. Do outro, o Planalto cobra do peemedebista a defesa dos interesses do governo para não virar refém das cobranças do aliado. Alguns setores peemedebistas começam a atribuir a ele, nos bastidores, culpas pela desidratação do PMDB no primeiro e segundo escalões sob a batuta da presidente Dilma Rousseff.
No novo ministério, o partido perdeu pastas importantes: Saúde, Integração e Comunicações, e deve perder terreno em postos estratégicos. Com a temperatura subindo nos últimos dias, Temer acabou virando alvo de reclamações.
Os peemedebistas querem que ele seja um porta-voz do partido, não um mediador. O vice não estaria confortável com a situação, sobretudo porque o Planalto vê como sua a missão de evitar que a rebelião do partido vire crise de fato.
A presidente também não estaria satisfeita com Temer. O comportamento ambigue do vice-presidente estaria intrigado Dilma. O vice havia, por exemplo, anunciado que deixaria a presidência do PMDB assim que tomasse posse. Não o fez. Apenas se licenciou por quatro meses. Foi substituído, interinamente, pelo senador Valdir Raupp (RO).
Temer, porém, continuaria a agir como presidente do PMDB. A reunião em que os principais líderes do partido decidiram pedir salário mínimo maior do que o defendido pelo governo foi realizada no apartamento funcional da Câmara dos Deputados onde ele ainda mora. E lá ocorreu uma reunião do PMDB e não de parlamentares com o vice-presidente.
Em defesa de Temer, os assessores do vice citam o exemplo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante o escândalo do mensalão, Lula tirou Tarso Genro do Ministério da Educação e lhe deu a incumbência de assumir a direção do PT.



