Brasília A disputa entre governo do estado e prefeitura de Curitiba chegou ao Distrito Federal. Uma reunião realizada terça-feira à noite em Brasília entre representantes de 16 municípios paranaenses, do Palácio Iguaçu e governo federal, foi marcada pela troca de farpas envolvendo o presidente da Companhia Paranaense de Habitação (Cohapar), Rafael Greca, e o presidente da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), Mounir Chaowiche. No encontro, que tratou do repasse de verbas do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) para urbanização e saneamento nas cidades, os dois apresentaram propostas para pelo menos três regiões iguais as vilas Formosa e Parolin e a Ferrovila.
A decisão sobre qual idéia deve receber dinheiro está agora nas mãos do governo federal. A escolha deve se refletir no jogo político para as eleições municipais de 2010. O "pai" das obras pode ser o prefeito Beto Richa (PSDB), possivelmente candidato à reeleição, ou Rafael Greca, um provável rival apoiado pelo governador Roberto Requião (PMDB).
Além disso, o "parentesco" mais distante da candidata derrotada ao Senado Gleisi Hoffmann, esposa do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e nome mais cotado no PT na sucessão municipal, não está sendo ignorado na verba que vem para o município. Bernardo, um dos coordenadores do PAC, esteve na reunião. Pelo governo federal, também compareceram o ministro das Cidades, Márcio Fortes; o vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, e a secretária-executiva do PAC, Míriam Melchior.
A discordância entre Greca e Chaowiche começou quando o presidente da Cohab viu a similaridade em três das regiões nas quais a Cohapar pretende atuar com dinheiro do programa. Ele tentou intervir, mas foi chamado de "deselegante" pelo secretário estadual de Planejamento, Ênio Verri, que acompanhava Greca. "Na Vila Parolin, por exemplo, já estamos trabalhando há mais de um ano e agora o governo quer agir em cima do que está encaminhado", disse ontem Chaowiche.
O presidente da Cohapar rebateu as declarações. "Eu não vi nenhum projeto apresentado pela prefeitura na reunião, havia um mapa com algumas informações e só. Foi algo medíocre, que envergonhou o meu espírito de membro do Ippuc (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba)", disse Greca, que apresentou projetos com animações gráficas e dados sobre custos.
O projeto da companhia estadual prevê a construção de 14 mil moradias e 10 mil relocações de famílias que vivem em situação de risco em toda região metropolitana de Curitiba. "É o que chamamos de PAC metropolitano da habitação", explicou. Em todo Paraná, a meta é atingir 34.627 famílias.
Chaowiche afirmou que não levou os projetos à reunião porque o encontro tinha como objetivo apenas a definição de prioridades. "Ao contrário do governo do estado, nossos projetos estão todos prontos e sob análise técnica da Caixa Econômica Federal", disse.
Ele afirmou que apresentou as idéias de 22 programas prioritários de investimento. Essas intervenções que representam investimentos de cerca de R$ 150 milhões. A intenção é atender 6 mil famílias que vivem em áreas de invasão próximas a bacias hidrográficas.



