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Congresso

Câmara estuda aumentar cargos de confiança, apesar do discurso de austeridade

Mesa Diretora encomenda estudo para trocar servidores concursados por apadrinhados políticos em funções gratificadas

Rodrigo Maia negou que queira aumentar o número de cargos para apadrinhados políticos. Disse que só quis entender porque há tantos servidores concursados nas funções comissionadas. | Marcelo Camargo/Agência Brasil
Rodrigo Maia negou que queira aumentar o número de cargos para apadrinhados políticos. Disse que só quis entender porque há tantos servidores concursados nas funções comissionadas. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Apesar do discurso de austeridade fiscal, a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados estuda aumentar o número de funcionários de confiança dos parlamentares, os chamados cargos de natureza especial (CNE) ou cargos comissionados. Para fazer a mudança sem alterar o orçamento, a estratégia é reduzir as funções comissionadas dos servidores públicos concursados para abrir espaço aos apadrinhados políticos.

A possibilidade de elevar o número de cargos de confiança começou a ser discutida ainda durante o processo eleitoral para a presidência da Câmara, quando Rodrigo Maia (DEM-RJ) se reelegeu.

Concursados nos cargos

Atualmente, a Câmara possui 3.124 servidores concursados, que recebem de R$ 15 mil a R$ 28,8 mil por mês. Desses funcionários, 1.719 acumulam funções comissionadas, que variam de R$ 3,5 mil a R$ 9,4 mil adicionais.

Entre os cargos de confiança, há 1.621 ocupantes de CNEs, que ganham salários de R$ 3,3 mil a R$ 18,17 mil; e 10.171 secretários parlamentares, recebendo de R$ 936 a R$ 14,3 mil mensais. A Câmara permite um total de gastos de R$ 101.971 por gabinete para contratações.

Discussão sobre o assunto

No sábado (4), integrantes das áreas de Recursos Humanos e Pessoal da Câmara se reuniram, a pedido da presidência, para discutir uma proposta sobre o assunto, que deverá ser apresentada na próxima reunião da Mesa. O objetivo é que a medida seja aprovada por meio de resolução antes da instalação das comissões da Casa.

Rodrigo Maia negou, contudo, que pretenda incentivar a criação de novos cargos. “Apenas pedi para entender porque quase metade dos servidores da Câmara receba por funções gratificadas”, disse.

Apesar disso, em nota a Frente Ampla de Trabalhadoras e Trabalhadores do Serviço Público pela Democracia acusou a Mesa Diretora de querer retirar mais de cem cargos com função de comando (FCs) de servidores concursados para transferir os recursos para a criação de cargos especiais.

A frente diz que o objetivo é “aumentar o cabide de empregos” na Câmara. “Órgãos da Casa tradicionalmente técnicos, encarregados de garantir a lisura do processo democrático, estão se tornando estruturas fantasmas povoadas de apadrinhados políticos daqueles que estão no comando”, afirma a nota.

Reorganização

O primeiro-secretário da Câmara, deputado Fernando Giacobo (PR-PR), responsável por administrar um orçamento de R$ 6 bilhões da Câmara, afirmou que não existe orientação da Mesa para aumentar os cargos especiais, e sim para “reorganizar os trabalhos” a fim de economizar recursos. “A cada dois funcionários concursados, um recebe FC [função de comando]”, comentou. Ele afirmou ainda que muitos funcionários “são chefes de si mesmos” e usam as gratificações de maneira inadequada. “Tem pessoas que passam no concurso, ainda estão no estágio probatório e já ganham FC. Acho que isso está um pouco bagunçado.”

O primeiro-secretário garantiu que a realocação desses funcionários também entraria na reorganização das funções. “Queremos otimizar os trabalhos, sem gastar nada a mais para isso”, defendeu. Giacobo disse ainda que existem muitos servidores de confiança dos deputados trabalhando em áreas administrativas da Casa, o que não deveria ser permitido. Os cargos de confiança são direcionados principalmente aos gabinetes dos deputados e às lideranças partidárias.

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