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São Paulo

Candidatos denunciam fraude em concurso público

Milhares de candidatos atraídos pela promessa de um bom salário participaram neste domingo de um concurso promovido pela Associação Brasileira de Saúde Pública (Abrasp) e pelo Instituto Brasileiro de Engenharia, Arquitetura e Proteção Ambiental (Ibea). Durante a prova, no entanto, a esperança se transformou em desconfiança para muita gente. Candidatos acostumados a prestar outros concursos pelo país estranharam a organização deste. Nas listas, mais de uma inscrição para a mesma pessoa e nomes incompletos. Quando a prova começou, mais suspeitas.

- A prova já começou com meia hora de atraso. As provas não eram lacradas, teve pessoas que chegaram depois do horário e entraram - diz José Roberto Cardoso, candidato.

Os candidatos dizem que nem a segurança do concurso contra fraudes foi garantida. A mulher de Cléber Paslandim, que era candidata a uma vaga, conversou com ele durante a prova.

- Às 14h30, ela me telefona, está com celular na sala, manda mensagem de texto, a prova começou atrasada, nada do edital está sendo cumprido - diz Paslandim.

Cinco mil candidatos se inscreveram para as provas, chamadas de processo seletivo público regional para a formação de cadastro de reserva. Cada candidato pagou entre R$55 e R$95, dependendo da formação escolar.

As duas instituições, Ibea e Abrasp, que dividem um mesmo endereço na internet, foram responsáveis pelo concurso. Diante das irregularidades nas provas, os próprios candidatos começaram a investigar.

- O site foi criado dia 6 de março de 2006, às vésperas do concurso - diz Paslandim.

O endereço que aparece na internet é de um edifício comercial na Avenida Paulista. No 11º andar, no endereço indicado, a equipe de reportagem do SP TV encontrou uma sala da Associação Brasileira de Saúde Pública. Por meia hora, ninguém atendeu a campainha.

A diretora da maior escola de cursos preparatórios de São Paulo, há 17 anos no setor, conta que este concurso não seguiu os padrões oficiais.

- O edital é estranho porque ele não tem o conteúdo das provas. É muito diferente de um edital normal, que precisa ser publicado no Diário Oficial. Qualquer concurso, se não for publicado no Diário Oficial, não é válido - diz Adelaide Matos, diretora da escola.

Por telefone, uma das coordenadoras do concurso, Silvânia Budoya, disse que a reportagem não encontrou ninguém na sede da Abrasp porque nesta segunda-feira toda a equipe está de recesso, depois de ter trabalhado no sábado e no domingo. Ela nega as acusações de fraude e diz que o concurso foi idôneo e que tem documentação registrada.

Segundo Silvânia, o atraso na prova foi por causa de candidatos que estavam sem a inscrição mas que, mesmo assim, eles puderam fazer o exame. Ela informa que o gabarito oficial da prova deve estar quarta-feira na internet e que, em 30 dias, deve ser publicada a classificação de todos candidatos.

Silvânia reconheceu que muitos candidatos não gostaram da prova e saíram reclamando. Ela disse que eles podem reclamar na Justiça, que o departamento jurídico da Abrasp está pronto para responder.

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