
A executiva nacional do PT decidiu convidar o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a dar explicações para o partido sobre a atuação da Polícia Federal (PF). A iniciativa foi comunicada pelo presidente da legenda, Rui Falcão, aos demais integrantes da direção da sigla na última quinta-feira (25).
Os petistas ainda não definiram uma data para o encontro. O “convite” ao ministro foi noticiado neste domingo (28) pelo jornal O Estado de S. Paulo. O movimento acontece no auge da crise institucional que aflige o PT desde o ano passado, especialmente pelas revelações feitas no decorrer das apurações da Operação Lava Jato.
A Polícia Federal é vinculada ao Ministério da Justiça, mas tem autonomia operacional. O PT tem cobrado Cardozo internamente, afirmando que o ministro não tem conseguido monitorar os movimentos da PF, nem cobrar isonomia da polícia.
Os petistas afirmam que o partido vem sendo perseguido por investigadores, que estariam mirando apenas nas gestões do PT, ignorando problemas em estados administrados por outras siglas, como o PSDB.
Críticas internas
Cardozo é um dos petistas mais próximos à presidente Dilma Rousseff, que também vem sofrendo críticas nos bastidores da legenda. A pressão sobre ele é, portanto, mais um ingrediente no caldeirão de insatisfações do partido com a postura do governo.
Há ainda uma queixa corrente sobre o que vem sendo chamado de “vazamento seletivo” de documentos sob segredo de Justiça que lançam suspeitas sobre políticos. O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, chegou a afirmar que há um “evidente” ataque ao PT nas investigações. “Há, sim, uma leitura, do meu ponto de vista, focada numa disputa que não parou desde o fim das eleições”, declarou.
O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) disse que não foi comunicado sobre o convite a Cardozo e que não se posicionaria sobre o chamado que o partido pretende fazer ao ministro. Ele defendeu, no entanto, que é preciso investigar ilegalidades cometidas em todas as instituições.
“Vazar documento que está sob segredo de Justiça não pode. E isso está ocorrendo. Então é preciso apurar se há um funcionário público envolvido nesses vazamentos. Isso é o que eu penso. Sobre o convite ao ministro, não estava na reunião e não falei com colegas a respeito”, disse.



