
A Casa Civil foi a responsável pelo primeiro escândalo do governo Lula, com Waldomiro Diniz. Também foi pivô da última grande crise da era lulista, com Erenice Guerra. E, mais do que isso, foi o epicentro da denúncia que chegou a ameaçar a própria permanência de Lula no cargo, quando o ministro José Dirceu terminou implicado no mensalão, em 2005.
O episódio foi o momento da virada no comando da Casa Civil. José Dirceu, acusado de comandar um esquema de distribuição de dinheiro para que congressistas votassem com o governo, acabou deixando o cargo. Era o terceiro ano do primeiro mandato de Lula. Antes disso, o ministério tinha sido alvo de denúncias quando o assessor Waldomiro Diniz foi flagrado cobrando propina de um empresário.
Para substituir Dirceu, Lula optou por uma tecnocrata Dilma Rousseff saiu do ministério de Minas e Energia para o centro da coordenação política do governo. Foi com a saída de um político do cargo que os escândalos deram lugar a uma era de popularidade para Lula.
Mesmo assim, a gestão de Dilma não esteve livre de problemas. Sua assessora Erenice Guerra foi envolvida na montagem de um dossiê que teria finalidade eleitoral. E a secretária da Receita Federal Lina Vieira afirmou que Dilma pediu a ela para diminuir o ritmo das investigações contra a família Sarney.
O próximo grande escândalo, no entanto, viria com a saída de Dilma. Erenice Guerra, sua sucessora, se tornou o calcanhar de Aquiles dos petistas durante a campanha eleitoral de 2010 (leia mais nesta página). Segundo alguns especialistas,a denúncia acabou impedindo a vitória de Dilma Rousseff contra José Serra (PSDB) ainda no primeiro turno da eleição.
Avaliação - Scalco diz que FHC fez boa escolha
O presidente Fernando Henrique Cardoso teve bom resultado na Casa Civil durante seus dois mandatos por escolher para o cargo pessoas que não tinham atuação partidária forte ou projeto político pessoal. A opinião é de Euclides Scalco, que no governo FHC ocupou a presidência de Itaipu e a Secretaria-Geral da Presidência.
"Fernando Henrique preferiu chefes da Casa Civil que não eram homens de vida partidária intensa", disse. O primeiro ocupante do cargo na era FHC foi Clóvis Barros Carvalho. O segundo foi Pedro Parente. Cada um passou quatro anos no posto e, depois disso, não disputaram eleições. Parente hoje é CEO da Bunge, uma companhia produtora de alimentos. E Barros Carvalho esteve até recentemente como secretário de governo na prefeitura de São Paulo. "A Casa Civil é o coração do governo. Faz toda a coordenação. Um problema nesse ministério afeta todo o governo", diz Scalco.



