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A Procuradoria da República no Distrito Federal confirmou nesta segunda-feira que o promotor Vinícius Alves Firmino, do 4º Ofício Criminal, iniciou a análise de queixa-crime contra o vice-presidente do Conselho Editorial do Senado, Joaquim Campelo, indicado para o cargo pelo presidente da Casa, senador José Sarney (PMDB-AP). O servidor é acusado de cometer peculato, por ter oferecido à editora portuguesa Leya o projeto gráfico, a formatação e a digitação da obra "História da Literatura Ocidental", de Otto Maria Carpeaux, de propriedade do Senado.

Por não ter deixado herdeiros, a obra de Carpeaux já tem domínio público, mas os custos da edição foram pagos pelo Senado e, por isso, não poderiam ser cedidos a terceiros.

Antes mesmo da análise da denúncia, que poderá levar a Procuradoria a propor abertura de inquérito contra o assessor de Sarney, o promotor Vinícius Firmino encaminhou a representação para a área cível, solicitando que fosse averiguado se o servidor também poderia ser enquadrado no crime de improbidade administrativa.

Procurado nesta segunda-feira pelo GLOBO, Campelo não foi localizado. Mas, em declaração ao jornal "O Estado de S.Paulo", o vice-presidente do Conselho Editorial do Senado assegurou que Sarney não sabia da negociação com a editora e por isso pretendia responder sozinho pela denúncia.

Já a Secretaria de Imprensa do Senado não se manifestou, sob a alegação de que a denúncia deveria ser respondida diretamente pelo vice-presidente do Conselho Editorial do Senado.

Em nota recente, a editora Leya confirma ter publicado em parceria com a Livraria Cultura a reedição da "História da Literatura Ocidental", exatamente igual à obra editada por Campelo na década de 70, quando este teria fundado no Rio a editora Alhambra. Por Campelo ter financiado esta primeira edição da obra de Carpeaux, o autor teria destinado a ele, segundo ainda a nota da editora Leya, "os cuidados de sua obra, além da carinhosa dedicatória que passou a constar nas reedições da 'História da Literatura Ocidental'".

A editora conclui a nota fazendo uma defesa de Campelo: "Leya e Livraria Cultura tornaram acessível ao grande público um dos grandes tesouros da literatura escrito por um dos maiores críticos literários de nosso tempo e que merece ser apreciado e não alvo de especulações infundadas".

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