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Julgamento

Celso de Mello diz ignorar pressão

Ministro do STF garante estar tranquilo para expor suas convicções no voto final sobre os recursos dos réus do mensalão

Adiamento do voto não teria alterado convicções de Celso de Mello | Carlos Humberto/STF
Adiamento do voto não teria alterado convicções de Celso de Mello (Foto: Carlos Humberto/STF)

O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que não se sente pressionado por ser o responsável pelo desempate da votação que poderá garantir o direito a um novo julgamento a 12 dos 25 condenados no processo do mensalão. "Absolutamente não. Eu leio o noticiário e, a despeito do que se fala, não sinto nenhum tipo de pressão", disse. "Após 45 anos, seja como promotor ou juiz, é uma experiência que você tem e supera tranquilamente."

O fato de o presidente do STF, Joaquim Barbosa, ter encerrado a sessão na quinta-feira passada quando o placar estava empatado em 5 a 5, também não o abalou: "O adiamento da sessão, longe de significar qualquer possibilidade de pressão externa, aprofundou ainda mais minha convicção", disse.

Na quinta-feira, Barbosa encerrou a sessão mesmo depois de ter recebido de Celso de Mello um aviso de que estava pronto para votar e de que sua manifestação demoraria apenas cinco minutos. A expectativa no STF é de que, na quarta-feira, ele desempate a votação reconhecendo o direito a uma segunda chance para os condenados que conseguiram pelo menos quatro votos absolutórios. Nesse grupo está o ex-ministro José Dirceu, condenado a 10 anos e 10 meses por corrupção ativa e formação de quadrilha.

Celso de Mello disse na semana passada, em entrevista à imprensa, que no início do julgamento do mensalão, em agosto de 2012, já tinha exposto a sua posição. Na ocasião, ele afirmou que está em vigor a regra que garante a réus condenados o direito aos chamados embargos infringentes – na prática, isso significa um novo julgamento. "O que acho importante é que tenho a minha convicção. Aprofundei-a muito. Li todas as razões das diferentes posições. E cada vez mais estou convencido de que fiz a opção correta."

Aposentadoria

Amigos do ministro dizem ter ouvido dele diversas manifestações de que planeja se aposentar até o final do ano e voltar para sua cidade natal, Tatuí, no interior de São Paulo. O advogado criminalista José Rubens do Amaral Lincoln diz ter "absoluta certeza" de que o ministro se aposentará ainda em 2013. E acredita que ele o fará independentemente da prorrogação do julgamento do mensalão.

Nova etapa

A retomada do julgamento abrirá uma nova etapa do processo que há oito anos tramita na corte. Aceitos os embargos infringentes, o caso deve se transformar numa espécie de jogo de xadrez.

As condenações por quadrilha podem ser revertidas, penas impostas a determinados réus podem ser reduzidas e a decisão sobre a cassação imediata dos mandatos dos deputados envolvidos, alterada. Ministros contrários ao novo julgamento não necessariamente votarão pela manutenção de todas as condenações e penas. Mesmo pequenas alterações atrasariam a conclusão da ação, adiando a prisão da maior parte dos condenados.

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