Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Apagão Aéreo

Chinaglia diz que CPI pode convocar militares

Primeira reunião da CPI do Apagão Aéreo, instalada na Câmara na última semana, define cronograma de atuação

Em sua primeira reunião, a CPI do Apagão Aéreo definiu nesta terça-feira seu cronograma de atuação e dividiu os trabalhos em cinco etapas, com a última prevista para ser concluída em 11 de setembro. Ao mesmo tempo, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), garantiu que a comissão tem autonomia para convocar autoridades militares durante as investigações, rebatendo a tese de que o comando da Aeronáutica controlaria os depoimentos .

- Quem for convocado e se recusar a vir, terá de vir debaixo de vara (à força) - disse o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), 1º vice-presidente da CPI.

Na primeira etapa, que vai até o dia 29 de maio, será analisado tudo o que for relativo ao acidente entre o Boeing da Gol e o Legacy da ExcelAire - que deixou 154 mortos - e sua possível ligação com a responsabilidade dos controladores de vôo. Nessa primeira etapa, o relator quer ouvir 14 pessoas, entre elas os pilotos americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, mas deixou de fora os controladores que trabalhavam no dia do acidente em Brasília e Manaus.

Marco Maia disse que, antes dos controladores, quer analisar o inquérito da Polícia Federal que apurou o acidente entre os dois aviões e ouvir os representantes do setor, como os presidentes do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Proteção ao Vôo, Jorge Botelho, e da Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo (ABCTA), Wellington Rodrigues.

- Assim, teremos condições de precisar melhor quais controladores poderão contribuir. Primeiro vamos ouvir as lideranças dos controladores e tomar o cuidado de aprofundar as investigações - afirmou o petista.

Oposição critica roteiro proposto por relator

A oposição criticou, no entanto, o roteiro de trabalho da comissão sugerido pelo relator. O bloco do PSDB quer ouvir logo os controladores de vôo que estavam de plantão no dia do acidente. O deputado Gustavo Fruet (PR) disse que vai pedir também que o Ministério Público acompanhe os trabalhos da CPI e mostre as apurações que tem feito sobre todo o sistema de tráfego aéreo brasileiro, o que pode incluir a Infraero.

- Se vamos exaurir o problema do acidente e do controle de tráfego, não podemos descartar os controladores - afirmou o tucano.

Fruet entende que a CPI tem poder judicial de convocar os pilotos americanos, principalmente porque o país tem tratado internacional com os Estados Unidos, ao qual recorreu para ter acesso às contas do publicitário Duda Mendonça no exterior.

Comissão elege outros dois vice-presidentes

Durante a reunião, a comissão elegeu a deputada Solange Amaral (DEM-RJ) como segunda vice-presidente e o deputado Nelson Meurer (PP-PR) como terceiro vice. Na semana passada, foram escolhidos o presidente, Marcelo Castro (PMDB-PI), e o 1º vice-presidente, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Como relator, foi indicado Marco Maia (PT-RS).

Houve um princípio de tumulto na reunião porque o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) protestou contra o fato de a convocação de militares serem submetidas ao comandante da Aeronáutica, Juniti Saito.

- Eu quero entender por que a convocação de militares tem que passar pelo crivo do Comando da Aeronáutica. Eu quero saber a autonomia dessa CPI - questionou Ivan Valente.

O deputado José Carlos Araújo (PR-BA) tentou interferir, mas Ivan Valente pediu que ele não o atrapalhasse.

- Não me atrapalhe, estou calmo. Fique calmo - disse Ivan Valente.

Os partidos de oposição são recordistas absolutos de requerimentos na CPI. Dos 30 requerimentos apresentados até agora, 24 são da oposição, e convocam uma ampla e eclética gama de personagens que vão dos controladores de vôo ao astronauta Marcos Pontes, que ficou horas aguardando por um vôo no aeroporto de Brasília durante a crise do tráfego aéreo, em março deste ano.

Metade dos membros votou contra a criação da CPI

Mal começou a funcionar, a CPI, que foi instalada na semana passada , já recebeu uma série de críticas. O grande número de deputados de primeiro mandato ou integrantes do chamado baixo clero - grupo de parlamentares de pouca influência entre os colegas - fez com que a CPI fosse considerada sob controle do governo e pouco interessada em investigar a fundo as questões polêmicas sobre o assunto. O que reforça essa tese é um levantamento de como os membros da CPI votaram o recurso do PT que tentou suspender a criação da comissão.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.