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Gestão pública

Cidade menor, mais comissionados

Prefeituras de Curitiba e Londrina têm menos cargos em comissão em relação a suas populações. Proporção é maior em Maringá, Ponta Grossa e Cascavel

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Apesar de serem as duas cidades mais populosas do Paraná, Curitiba e Londrina estão atrás de municípios menores na proporção entre servidores comissionados nas prefeituras e seus habitantes. Levantamento da Gazeta do Povo, realizado nas administrações das cinco maiores cidades paranaenses, mostra que as prefeituras de Cascavel, Maringá e Ponta Grossa têm mais comissionados (servidores de indicação política) em relação ao total de moradores.

Em Cascavel, no Oeste, a prefeitura conta com um quadro de 249 cargos comissionados, que representa um servidor desse tipo para cada 1,1 mil habitantes. Atualmente, porém, apenas 32 desses postos estão preenchidos, consumindo um montante mensal de R$ 187,7 mil. Esse valor, porém, deve aumentar ainda neste ano, já que os demais cargos devem ser preenchidos até maio, segundo o prefeito Edgar Bueno (PDT).

INFOGRÁFICO: Veja o quadro de servidores comissionados e efetivos nas principais cidades do PR

Em Maringá, no Norte, existe um comissionado para cada 1,2 mil habitantes. O valor dispensado ao pagamento dos funcionários comissionados não foi revelado, mas a assessoria de comunicação da prefeitura informou que o gasto deve ser maior que o do ano passado, quando havia menos comissionados e se gastava R$ 1,9 milhão por mês.

Já Ponta Grossa, nos Campos Gerais, tem 210 comissionados, que custam R$ 710 mil mensais aos cofres públicos, segundo informações do Sindicato dos Servidores Municipais.

Menos

Nas duas maiores cidades do estado, a proporção entre comissionados e habitantes é menor. Em Curitiba, existe um comissionado para cada 2,7 mil habitantes. Ao todo, são 619 cargos em comissão. Porém, 273 deles hoje são ocupados por servidores de carreira.

Com apenas 93 comissionados, Londrina tem a menor proporção: um servidor para cada 5,5 mil habitantes. Os números de Londrina, no entanto, são contestados pela prefeitura de Maringá, que alega que os londrinenses "escondem o número exato de comissionados". Segundo a assessoria de imprensa do governo maringaense, a prefeitura de Londrina sustenta comissionados em autarquias – entidades públicas com autonomia administrativa – e não os computa nos dados oficiais.

O prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff (PSD), nega que existam outros cargos comissionados além dos 93 divulgados. Segundo ele, todos os cargos estão na listados no Portal da Transparência do município. "Não tenho conhecimento de nada neste sentido. Todos os comissionados da prefeitura estão na listagem publicada na internet. Lá, inclusive, estão os comissionados de órgãos públicos, como Cohab [Companhia Municipal de Habitação], Codel [Instituto de Desenvolvimento de Londrina] e CMTU [Com­­­panhia Municipal de Trânsito e Urbanização]."

Colaboraram Tatiane Salvatico, Erick Gimenez, Fábio Calsavara e Luiz Carlos da Cruz.

Número de cargos em comissão é resultado de apoios eleitorais

Especialistas dizem que o alto número dos comissionados na administração pública é resultado dos apoios políticos e troca de favores durante o processo eleitoral. O cientista político Elve Cenci, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), revela que a tendência do profissional que ocupa um cargo comissionado é trabalhar para o padrinho político que o contratou. "Isso fere o caráter público do exercício da função. Como consequência, o funcionário trabalha para atender àquele político e não para uma política pública que deveria ser contínua, além do período do mandato."

De acordo com Cenci, em cidades onde há uma cultura política mais forte existe a tendência de que os cargos comissionados sejam mais enxutos e tecnicistas. "Em Londrina, por exemplo, depois de tantos anos de crise política, temos agora um governo que não abriu espaço para indicação política. Isso é reflexo de uma sociedade mais vigilante e que cobra mais."

Alerta

Porém, Benilson Pori­­­nelli, professor do Núcleo de Políticas Públicas da UEL, alerta que isso não significa necessariamente um inchaço da máquina pública. "Existem serviços, como a saúde, por exemplo, que precisam de um quadro grande de funcionários", avalia.

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