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Qualquer um que tenha feito transações financeiras com a JD Assessoria e Consultoria — empresa do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, preso na segunda-feira pela Operação Lava-Jato — pode ser convocado a prestar esclarecimentos à Polícia Federal. Nesta quinta-feira (6) foi a vez do cineasta Luiz Carlos Barreto.

Produtor do filme “Lula, o Filho do Brasil” (2010) e amigo de longa data de Dirceu, Barreto recebeu logo cedo um ofício assinado pelo delegado da PF Márcio Adriano Anselmo solicitando informações. No documento de uma única página, onde se lia em letras garrafais “Urgente - Op. Lava Jato. Indiciado Preso”, a polícia pedia que Barreto esclarecesse, “no prazo de cinco dias, as operações que embasaram o recebimento de valores oriundos da empresa JD”. Logo abaixo, uma tabela reunia registros de nove transferências bancárias feitas pela empresa do petista ao cineasta entre 22 de dezembro de 2009 e 27 de setembro de 2010. No total: R$ 238.155,00.

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Por volta das 18h, Barreto já tinha a resposta pronta. “Mandei à PF os extratos bancários da Filmes do Equador, minha produtora, mostrando que esses depósitos realmente caíram na minha conta. Em 2009, procurei Dirceu com a ideia de fazer um filme sobre a clandestinidade dele. O longa-metragem se chamaria ‘O homem invisível’, e nós assinamos um contrato para o desenvolvimento de um roteiro “, conta o cineasta. “No meio do processo, Dirceu me procurou dizendo que achava aquilo tudo meio cabotino e sugeriu que a história fosse sobre o movimento estudantil dos anos 1960 em São Paulo. Seria um filme e um minissérie de TV com 13 capítulos.”

Barreto diz ter enviado à PF documentos que compravam que mais de 80 pessoas já foram entrevistadas desde 2009 como parte desses projetos — ainda sem previsão de estreia.

A suspeita da Polícia Federal partiu não só dos repasses mas do fato de que, entre as empresas que patrocinaram o filme sobre Lula, estavam as empreiteiras Odebrecht, Camargo Corrêa, OAS e Estre Ambiental.

Barreto diz que não se incomodou com a ação policial e, ontem, elogiou o trabalho de investigação. “É um procedimento bastante rigoroso. Do ponto de vista técnico, é bastante profissional e eficaz. O lado político é que causa certo exagero. Dirceu já estava preso. Prendê-lo de novo foi redundante.” Em 2014, Barreto contribuiu para o pagamento da multa imposta ao ex-ministro no julgamento do mensalão. A JD não se pronunciou.

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