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Parece natural que o governante de plantão tenha facilidade para fazer seu sucessor. No Brasil, não tem sido assim. Na verdade, se conseguir emplacar sua candidata, Lula poderá ser o primeiro presidente eleito em 80 anos a conseguir isso. Duvida? Veja os dados.

Em 1930, Washington Luís elegeu seu sucessor. Mas o eleito, Julio Prestes, não chegou a tomar posse. Getulio Vargas tomou o poder e cancelou as eleições por 15 anos. Quando saiu, derrubado, não fez campanha para ninguém. Deu uma tímida declaração em favor de Dutra, seu ministro da Guerra, mas foi só. Dutra não era o candidato de seu coração. (Até porque o único candidato do coração de Getulio, sabe-se, era o próprio Getulio).

Dutra também não apoiou Vargas em 1950. Preferiu pedir votos para Cristiano Machado, que perdeu. Getulio não sobreviveu para participar de sua própria sucessão. Juscelino, embora ultrapopular, também perdeu a disputa em 1960. Quem se elegeu foi Jânio Quadros, prometendo varrer a sujeira da corrupção dos anos JK.

Jânio renunciou. Jango foi derrubado. Os militares, como se diz, deram folga às urnas. O primeiro presidente civil, José Sarney, viu ser eleito para seu sucessor um candidato que lhe odiava, Fernando Collor. (Hoje os dois estão juntos, mas é outra história.) Collor nem chegou ao fim do mandato. Itamar, seu vice, foi o único nesse tempo todo a eleger o sucessor, Fernando Henrique Cardoso.

Lula derrotou Serra, o escolhido por FHC para sua sucessão. E foi só. Sendo assim, dos presidentes eleitos pelo povo, nenhum fez o sucessor desde 1930. Um tabu que ainda estamos por ver se será quebrado neste ano.

Paraná

No estado, já foi mais comum que o governador fizesse seu sucessor. Ney Braga foi o último a conseguir isso, antes de a ditadura proibir as eleições, colocando Paulo Pimentel no poder. Depois da volta à democracia, o mesmo Ney Braga tentou repetir o fato com Saul Raiz, mas não conseguiu. José Richa e Alvaro Dias fizeram seus sucessores. Mas, desde lá, há 20 anos, isso não acontece.

Lerner e Requião, que vinham se revezando no poder por duas décadas, não conseguiram emplacar seus favoritos quando deixaram o governo. Aliás, a situação mais curiosa, neste caso, é justamente a de Requião. Que, embora tenha o recorde de eleições para o governo do estado, com três mandatos, nunca conseguiu fazer seu sucessor em cargo nenhum.

Um jornalista já chegou a escrever um artigo chamando-lhe de eucalipto. Uma árvore grande e frondosa. Mas que não deixa crescer nada ao redor. Foi assim na prefeitura: apoiou Maurício Fruet para sua sucessão, mas perdeu para Lerner. No primeiro governo, queria ver Alvaro Dias voltar ao Palácio Iguaçu, não conseguiu.

E nas várias eleições em que apoiou alguém para a prefeitura ou para o governo desde 1988, nunca conseguiu ganhar uma. A não ser quando ele próprio concorreu. Transferir votos, ao que parece, não é seu forte.

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