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Se a segurança pública vai ser um dos temas mais importantes da eleição para o governo do Paraná – como certamente será – o governador Beto Richa tem vários problemas. Entre eles, o fato de a Polícia Militar ter ficado sem combustível e de os cachorros terem ficado com a ração reduzida por falta de dinheiro para os canis. Alguns índices de segurança melhoraram, mas a percepção de insegurança continua em alta. A ideia geral é de que o estado tem poucas condições de reduzir o crime.

Sendo assim, a reformulação da Delegacia de Homicídios pode ser um argumento para tentar reverter os ataques que certamente Richa sofrerá. Vêm de lá umas poucas boas notícias sobre o combate à criminalidade. No ano passado, esta Gazeta revelou, em uma série de reportagens, que apenas 4% dos assassinatos cometidos em Curitiba tinham levado alguém a ser condenado na Justiça. E que em 77% dos casos dos últimos dez anos não tinham sequer chegado a ser denunciados – normalmente porque a polícia não conseguiu descobrir quem cometeu o crime.

Logo que a série foi publicada, o governo prometeu agir. Falou-se principalmente na criação de uma Divisão de Homicídios (muito maior que uma delegacia). Depois, veio a falta de dinheiro, veio a burocracia, e tudo parecia estar parado. As novidades têm saído a conta-gotas. Mas agora dão a aparência de que pode haver algum avanço real. Nos últimos meses, a equipe da Homicídios de Curitiba passou de cinco para sete delegados, por exemplo. E isso já permite investigações melhores.

Quatro dos sete delegados estão setorizados. A cidade foi dividida (Sul, Norte, Leste e Oeste) e cada equipe cobre uma área. Na prática, isso significa que um delegado acompanha uma região e pode saber, por exemplo, se o crime tem a ver com uma guerra de gangues. Antes, se dois crimes ocorressem com 12 horas de diferença na Vila Torres, por exemplo, cada um ficaria com a equipe de plantão que atendeu. Mesmo sendo dois vizinhos que foram mortos provavelmente pela mesma pessoa e pelo mesmo motivo.

Também há dois delegados agora cuidando de casos antigos que não foram resolvidos. O sistema havia sido inventado anteriormente, mas estava parado por falta de pessoal. São dois mil inquéritos que estavam parados e que tratam de crimes cometidos há três anos ou mais. No mínimo, serão arquivados para que se possa dar mais atenção aos casos atuais.

Tudo isso é muito pouco ainda diante da promessa de uma Divisão, prometida há tempos e existente em várias das cidades brasileiras do mesmo porte de Curitiba. Agora, segundo a titular da Homicídios, delegada Maritza Haisi, a coisa sai do papel. Serão quatro delegacias dentro da Divisão e – diz a lenda – assim que o governo conseguir contratar mais 105 delegados aprovados em concurso, o time aumentaria. Mais do que necessário, numa cidade que chegou a passar de 700 assassinatos em apenas um ano – em 2010, a cidade teve mais homicídios do que a França inteira...

Se isso vai convencer os eleitores, não se sabe. O primeiro balanço do trabalho está previsto para ser divulgado em julho, logo no início da campanha eleitoral. Aí, saberemos.

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