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Celso Nascimento

A estagnação do Paraná

Os paranaenses de boa memória que, no fim da década de 60, já ti­­­nham mais de 20 anos de idade devem se lembrar de um sonho plantado pelo então governador – o de que o Paraná estava prestes a pular do quarto para o segundo estado mais rico da Federação, atrás apenas de São Paulo. Anos depois, no governo Jayme Canet, a revista Veja, em reportagem do jornalista Hélio Teixeira, afirmava que eram tantas as obras de infraestrutura que se realizavam aqui que o Paraná já estava pronto.

Nem uma coisa nem outra. Tanto otimismo não se justificava, como se viu depois e como se constata agora diante da realidade: nem o Paraná chegou perto do segundo lugar como, ao contrário, perdeu uma posição e hoje é o quinto. E também não ficou pronto, pois, embora do ponto de vista da infraestrutura (energia, estradas, telecomunicações etc.) estejamos em situação melhor do que vários estados, o que existe é subaproveitado ou já ficou aquém do que seria necessário.

Pois bem: conforme reportagem desta Gazeta, publicada ontem, um levantamento do Ins­­­tituto Paranaense de Desen­­­volvimento Econômico Social (Ipardes) mostrou que o estado, que em 2003 representava 6,4% do total do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, fechou 2008 com uma participação de 5,8%. Por coincidência, o período estudado é exatamente o mesmo dos dois últimos mandatos do governo Requião.

A maneira como se mede a riqueza de um estado é pelo valor do que produz, isto é, pelo seu PIB. Está certo que o PIB do Paraná continuou crescendo no governo Requião, mas outros estados cresceram mais no mesmo período. O Brasil, na média, cresceu mais do que o Paraná. Logo, comparativamente ao conjunto, é como se o estado não tivesse saído do lugar – uma espécie, digamos, de estagnação relativa.

O que impulsiona o PIB de um estado ou de um país, entre outros fatores, é sua capacidade de produzir mais. Para isto concorrem vários fatores, alguns dos quais alguns dependentes exclusivamente de ações do governo. É por isso que um governo é tanto melhor avaliado quanto é a sua capacidade de executar obras essenciais e desenvolver ações que favoreçam o crescimento do PIB e de distribuir com justiça os seus frutos.

Construir e conservar estradas, melhorar a eficiência dos portos, ter políticas fiscais adequadas, favorecer a industrialização da produção primária, atrair novas indústrias, incentivar a diversificação, contribuir para melhorar a qualidade da educação e da formação de mão de obra, estimular as exportações – tudo isso deve fazer parte das prioridades de um governo interessado em fomentar o desenvolvimento. Porque é disso que depende a criação, multiplicação e distribuição da riqueza.

Estes são, portanto, alguns dos critérios pelos quais qualquer governo – dos quais não escapam os mandatos de Re­­quião – deve ser examinado num processo de aferição de seu desempenho. O governo Requião tem boa nota nesses quesitos? Se não, é melhor fazer o que ele faz – isto é, culpar o governo anterior, o clima, o neo­­liberalismo, a Monsanto, o banco Itaú, os transgênicos, o pedágio, os privatistas, a im­­prensa canalha...

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