À exceção de alguns minúsculos partidos que têm em seus programas causas muito bem definidas, os grandes fazem nesta eleição o que sempre fizeram nas eleições passadas – arrumam-se conforme as conveniências e não conforme o que seria melhor para a sociedade.
O exemplo mais acabado de posicionamento político-ideológico foi sacramentado pelo PSol no último fim de semana. O partido fez sua convenção e decidiu lançar como candidata à prefeita de Curitiba a advogada e líder feminista Xenia Melo, uma das mais fotografadas protagonistas da “Marcha das Vadias” que se realiza anualmente em Curitiba.
De resto, a população continua assistindo à geleia geral dos políticos e partidos que, dia sim dia não, prometem uns aos outros apoios e coligações, não necessariamente porque estejam afinados com as posições alheias mas porque, conforme os ventos, se lhes parece uma opção mais vantajosa do que outra.
As “negociações”, claro, ocorrem em torno dos principais nomes já colocados como candidatos e a moeda de troca é o tempo de que dispõem os partidos nos horários da propaganda eleitoral gratuita. A cada dia de demora na definição, como nos tempos da inflação galopante, cresce o valor desta moeda – um investimento que se paga com posições, cargos e alianças futuras.
Até agora, contabilizando-se os partidos e coalizões com o PTB e com o PV, o candidato à reeleição Gustavo Fruet, do PDT, detém apenas 84 segundos nos programas de 10 minutos diários de rádio e televisão. Esse tempo é menor do que aquele a que terá direito, por exemplo, a candidata do PP, deputada Maria Victoria (que já soma, com os demais partidos comprometidos, quase três minutos). Rafael Greca, se dependesse apenas do seu PMN, teria tão somente 5 segundos, mas, com a adesão (ainda questionada) do PSB, pode chegar a 48 segundos. Ney Leprevost, se tiver o PSC somado ao seu PSD, ficará na casa dos 40 segundos. Requião Filho (PMDB), 71 segundos, e Tadeu Veneri (PT), 75.
Eis as fichas mais valorizadas que estão sobre o pano verde: para que lado vão os quase três minutos de que dispõem os “sem-candidato” PSDB, DEM e PPS? Quanto mais tempo levarem para decidir, maior a “correção monetária”.



