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Olho vivo

Teste 1

O presidente da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Ágide Meneguette, convocou cerca de 500 líderes rurais do estado que, nesta segunda-feira, estarão em Curitiba com olhos e ouvidos atentos. Eles serão testemunhas do que Beto Richa e Osmar Dias pensam sobre a agropecuária do Paraná, líder na produção de grãos do país, mas cujo perfil estatístico mostra uma gradual estagnação.

Teste 2

Antes desse cenário, na semana passada, os dois principais candidatos estiveram na Faep para conhecer um projeto da entidade que prevê a criação de uma empresa, sob o formato jurídico de PPP (Parceria Público-Privada), dedicada a planejar o desenvolvimento do estado, com ênfase na agropecuária. E amanhã eles voltam para debatê-lo com 150 presidentes de sindicatos rurais e outros líderes do setor. O projeto prevê também a criação de um instituto exclusivamente para cuidar da sanidade animal e vegetal dos produtos da agropecuária.

Teste 3

No primeiro encontro para tratar do assunto, Osmar firmou compromisso em adotar as ideias; Beto prometeu estudá-las. O encontro de amanhã será o verdadeiro teste para ambos: Beto terá de reverter a fama de que nada entende de agricultura e Osmar terá de dissipar as desconfianças de que sua aliança com o PT não o compromete com o temível MST.

Transtorno dissociativo da personalidade. É com este pomposo conjunto de palavras que os psicólogos costumam modernamente definir o que o vulgo denomina simplesmente de dupla personalidade – um distúrbio que acomete mais gente do que se imagina. Segundo os especialistas, a doença se caracteriza pela "existência dentro do indivíduo de duas ou mais personalidades distintas, cada qual dominante num momento específico".

Se submetidos a um diagnóstico clínico, muitos dos 399 prefeitos paranaenses poderiam sofrer deste mal.

Esta é uma das explicações que emergem do que propagam os dois candidatos ao governo estadual, Beto Richa e Osmar Dias. Segundo os próprios, eles contam com o apoio de 250 prefeitos cada um. Por este cálculo, chega-se à conclusão que o Paraná teria 500 municípios e não os 399 oficialmente existentes. Ou seja, tem muito prefeito vítima da síndrome hipotecando apoio aos dois candidatos ao mesmo tempo.

Outra explicação para o extraordinário fenômeno da multiplicação de prefeitos seria a ingenuidade dos candidatos, que, segundo esta teoria, acreditariam piamente na sinceridade dos rapapés com que são recebidos em cada município. Difícil imaginar que sejam tão ingênuos. Homens calejados por anos de prática nas artimanhas políticas – quer como autores, quer como vítimas –, com certeza sabem que os números que apresentam são exagerados. Ou, digamos, pelo menos um dos candidatos (e não necessariamente os dois) está inflando o número de apoiadores com que realmente conta. Este, portanto, estaria fazendo propaganda enganosa.

De qualquer modo, a ansiedade que as campanhas de Osmar e Beto demonstram em relação a prefeitos tem sua razão de existir. Basta levarmos em conta o modo como se faz política nos rincões do país, Paraná inclusive.

Prefeitos são, em primeiro lugar, supostamente, detentores do mando político em suas respectivas cidades. Suposta­­mente também, para o lado que penderem suas preferências, penderá a maior parte dos eleitores locais. Assim, quanto maior a soma de prefeitos e quanto maior o número de eleitores de seus municípios, maior também é a chance do candidato a governador que conquista o apoio da maioria dos prefeitos.

Estes, por sua vez, vivem à míngua de recursos. A arrecadação é precária e as necessidades urbanas e sociais são inversamente proporcionais. Se não contarem com os repasses não obrigatórios por parte do governo estadual, suas administrações estarão fadadas ao fracasso. E seu eleitorado, obviamente, também despenca. Portanto, como ainda têm dois anos de mandato à frente e não têm certeza sobre quem vai ganhar a eleição para governador, o melhor a fazer é aparentar simpatia e adesão aos dois ao mesmo tempo.

Fidelidade partidária e compromisso com propostas de governo são aspectos secundários numa campanha política quando se trata de lidar com eleitorados obedientes aos respectivos prefeitos. O que conta, para estes prefeitos, é a expectativa de vitória – coisa ainda impossível de vislumbrar no presente momento da campanha de Beto Richa e Osmar Dias.

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