O juiz Xisto Pereira não aceitou ser colocado sob suspeita em razão da decisão que proferiu garantindo a posse de Maurício Requião no Tribunal de Contas. Para ele, não há nexo entre esta medida e a nomeação, dias depois, de Rosane Pires Pereira para um cargo comissionado no mesmo TC pois Rosane, segundo ele, não é esposa, é ex-esposa.
Muito embora o povo diga que a condição de esposa pode ser temporária mas que a de ex é eterna, o magistrado considera que o alegado fato de ser separado da mulher levará o presidente do Tribunal de Justiça a quem cabe agora examinar o assunto a rejeitar a suspeição que se levantou contra ele. Xisto encaminhou ontem ao presidente Vidal Coelho o arrazoado contestando a suspeição.
A suspeição, conforme noticiou esta coluna na semana passada, foi levada ao TJ pelo advogado Guilherme Cordeiro Neto, que representa Riccardo Bertotti. Bertotti concorreu com Maurício Requião, em julho, à vaga de conselheiro do TC, alegou irregularidades no processo de escolha da Assembléia e obteve uma liminar que impedia a posse do eleito. No minuto final, o juiz Xisto Pereira derrubou a liminar e garantiu a posse. Em seguida, a mulher (ou ex) ganhou um cargo no mesmo TC.
O magistrado alega, também, não poder atinar que interesse teria o Tribunal de Contas em conceder-lhe a "dádiva", pois esta corte não figurava como parte da ação que julgou. Partes eram a Assembléia e Maurício Requião, argumenta. Há gente, no entanto, que discorda do juiz e contra-argumenta: não é o TC que, na prática, cumpriu sua decisão e empossou Maurício? Em caso positivo, então o TC é também parte interessada.
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Olho Vivo
Plano B
Depois do tresloucado ataque que recebeu do seu ex-aliado Mário Roque, Requião já procura outro candidato para apoiar em Paranaguá. Emissários procuraram o candidato do PPS, o jovem Alceu Maron Filho, para oferecer-lhe facilidades para a campanha. Dois objetivos:o primeiro é sepultar de vez qualquer remota chance de Roque vir a eleger-se; o segundo, de, com a candidatura de Maron, construir uma improvável base política em Paranaguá para a campanha de senador em 2010.
Tudo certo
O mesmo desembargador que recomendou a intervenção em Paranaguá, Rosene Arão de Cristo, decidiu ontem anular os decretos do governador Roberto Requião que atenderam àquela recomendação.
O magistrado recebeu provas de que o prefeito José Baka Filho quitou os precatórios trabalhistas que deram causa à medida.
Linhas opostas 1
Não é só em Paranaguá, com o vídeo explosivo de Mário Roque, que o governador está entrando de forma negativa, e à revelia, nas campanhas políticas. A juíza Maria Cristina Chaves, de Araucária, determinou anteontem que a coligação que apóia Albanor Gomes (PSDB) para prefeito tire do ar um vídeo da campanha eleitoral de 2004, quando o atual candidato a prefeito Olizandro Ferreira (PMDB) chamava Requião de "psicopata".
Linhas opostas 2
Na época, Olizandro, hoje candidato à reeleição pelo PMDB, era filiado ao PP e fazia oposição a Requião. De adversário, passou a aliado, fazendo caminho oposto ao de Mário Roque, que de aliado passou a inimigo.
Chico 1
Inúmeros leitores de Paranaguá escreveram na tentativa de elucidar uma dúvida levantada ontem por esta coluna: a qual de dois Chicos se referia Mário Roque quando falou que um deles mantinha negócios escusos com o superintendente do porto? Para uns, trata-se de Chico garçon, um velho amigo quebrador de galhos que teria participado de uma operação triangular que aborreceu Eduardo Requião.
Chico 2
Outros dizem que se trata de Chico Vasconcelos o Chivas que levou meses organizando um congresso portuário em Paranaguá; atualmente estaria se dedicando a montar um espetáculo de balé nas Cataratas.
Inspiração
O candidato do PMDB, Carlos Moreira, não se separa da última edição da revista "Paraná em Páginas", do jornalista Cândido Gomes Chagas, que há décadas faz denúncias contra a administração de vários prefeitos, desde Jaime Lerner. Moreira acredita ter achado na revista provas da existência das tais "caixas-pretas" de Beto Richa questões sobre as quais, segundo o candidato, o prefeito não demonstraria interesse em esclarecer. Uma delas é a exaustiva sucessão de aditivos que, há anos, mantém a exploração do serviço de radar de trânsito nas mãos de uma só empresa.



