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Olho Vivo

Sem surpresa 1

A contrário do futebol, o Tribunal de Justiça não é exatamente uma caixinha de surpresas. Conforme previsto, a promotora Ângela Khury não só foi eleita ontem para compor a lista tríplice, da qual sairá o nome de um novo desembargador para o TJ, como obteve uma votação massacrante: em 100 eleitores, 87 votos.

Sem surpresa 2

Sobrinha do lendário Aníbal Khury e prima do deputado Alexandre Curi, Ângela concorrerá com outro eleito para a tríplice com ligações políticas: Valério Vanhoni (72 votos), irmão do deputado Ângelo Vanhoni, do PT. Em terceiro ficou Ramatis Fávero (54 votos), que só entrou na disputa na undécima hora, graças à surpreendente renúncia de um dos pretendentes, Ricardo Maranhão, também parente da família Kh ury.

Sem surpresa 3

Ontem mesmo o tribunal comunicou o governador Roberto Requião do resultado da votação. Agora, caberá a ele – dentre os três nomes – escolher um para nomear o novo desembargador. Ninguém duvida que sacramentará o da promotora Ângela – a menos que queira agradar o PT e acabe se decidindo por Valério Vanhoni. Ou que aja salomonicamente e opte pelo terceiro nome. A primeira alternativa tem 87% de chances de se concretizar.

Dependendo de como as estrelas se compuserem na constelação dos candidatos, tem gente achan­­­do que o governador Ro­­berto Requião poderá enfrentar dificuldades para se eleger senador em 2010. Esse tipo de análise, no entanto, está geralmente contaminada pela torcida do contra e disseminada entre os muitos adversários políticos que o governador tem espalhados por todos os cantos.

Não é bem assim. Requião conta com muitos fatores positivos, sejam quais forem os candidatos com que vá concorrer. O primeiro fator é que são duas as vagas em disputa – isto é, cada eleitor poderá votar em dois candidatos. Sendo ele o mais conhecido de todos e tendo a forte estrutura do PMDB a dar-lhe suporte, o governador contaria com esses dois fatores positivos para ser o "primeiro voto" da maioria.

Outro fator positivo será se acabar fazendo parte da grande aliança liderada pelo PT para eleger Dilma Rousseff. Ligar seu nome ao do presidente Lula é uma vantagem com a qual não contam com tanta clareza os demais candidatos, com exceção óbvia da petista Gleisi Hoffmann – aliás, articuladora incansável para atrair Requião para o palanque de Dilma, apesar das rusgas com que volta e meia se enfrentam.

Outro ponto a ser ponderado, que beneficia o projeto do governador de tornar-se senador, é o prestígio que ainda detém nos grotões. As pequenas cidades, embora isoladamente tenham poucos eleitores, na soma podem ser decisivas. Como o foram na eleição de 2006: Requião perdeu feio para Osmar Dias em todos os grandes colégios eleitorais, mas tirou a diferença (0,2 pontos porcentuais) nos pequenos e se reelegeu para o Palácio Iguaçu.

Considerando todos esses pontos positivos, parece não haver dúvida de que ele já está com um pé no Senado. Mas também há os negativos. O principal deles é alto índice de rejeição que seu nome desperta. Há uma multidão de eleitores que simplesmente se recusa a votar nele – especialmente entre os mais instruídos e de maior renda.

Não se pode esquecer, também, que, ao contrário de 2006, quando não precisou deixar o governo para fazer a campanha da reeleição, em 2010 terá de sair do palácio em abril, seis meses antes da eleição. É como se diz: já não terá caneta para manipular o poder de acordo com as suas conveniências.

Aliás, aí entra um motivo suplementar de aflição para Requião: no seu lugar estará o vice, Orlando Pessuti, ao mesmo tempo candidato a governador. De que modo se comportará Pes­­suti em relação a Requião? Como, por exemplo, Hosken de Novaes se comportou com Ney Braga em 1982? Ou como Mário Pereira, vice do próprio Requião, que o hostilizou em 1994? Lembremo-nos de que a candidatura de Pessuti nunca foi lançada nem abraçada por Requião. Ao contrário, sempre que pode, o vice é alvo até de suas ferinas maledicências.

Nas pequenas cidades, de perfil rural, o deputado federal Abelardo Lupion (DEM), candidato a senador que deverá figurar na chapa de Osmar Dias, poderá tirar-lhe também alguns nacos de voto certo. O que é ruim para quem não conta muito com os grandes colégios.

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