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Olho vivo

Uma nota oficial do Instituto Curitiba de Informática (ICI) não desmente a descrição feita por esta coluna a respeito da dificuldade que o advogado Tarso Cabral encontrou para protocolar um pedido de informações no primeiro dia de vigência da Lei do Acesso da Informação. Mas lamenta que ele não tenha seguido o caminho correto para encaminhar seu requerimento, que, segundo o ICI, se encontra descrito no site da instituição. O endereçamento do pedido via Correios com AR (Aviso de Recebimento) é o procedimento que Violin deveria seguir, o que lhe garantiria a cobrança de prazo para a resposta. A nota não faz referência ao fato de a Justiça, em uma ação popular impetrada há dois meses, já ter determinado ao ICI a liberação de informações de teor parecido às requeridas por Cabral, até agora não atendido.

Vão tomando contornos mais definitivos as alianças que disputarão a prefeitura de Curitiba em outubro próximo. Embora o prazo definido pelo calendário eleitoral para a formalização das chapas só termine no fim de junho, com a realização das convenções partidárias, já se sabe agora com maior precisão quem está com quem nesta pré-campanha.

Na sexta-feira, por exemplo, foi o dia em que o PV decidiu integrar-se à aliança PDT/PT que patrocina a candidatura de Gustavo Fruet. Foram meses de negociações, durante os quais os verdes – cobiçados por todos – faziam tímidos movimentos pendulares ao sabor das divisões internas do partido. A maioria de sua direção, no entanto, conseguiu convencer os deputados estaduais Raska Rodrigues (que pendia para Luciano Ducci) e Roberto Accioli (que parecia mais simpático a Ratinho Jr.) de que a melhor estratégia seria a de se abraçar a Fruet.

Numa reunião a que estiveram presentes o próprio candidato pedetista e o ministro Paulo Bernardo – o personagem do PT que tornou viável olançamento de Fruet –, o Partido Verde pôs todas as suas cartas na mesa para estabelecer as condições da adesão que havia sacramentado e que foram aceitas por todos.

Considera-se que o PV pediu pouco. Não exigiu a posição de vice – apenas quis que a chapa de vereadores dos três partidos fosse uma só, em coligação igualitária: as três siglas dividirão em partes iguais a lista de candidatos, na expectativa de que, assim agindo, conseguirá levar à Câmara Municipal pelo menos três de seus representantes.

Para os líderes da aliança agora fortalecida pela presença do PV importou mais o simpático emblema, digamos, eco-ideológico que o partido representa do que a colaboração que pode dar no aumento do tempo na propaganda eleitoral gratuita. Em razão da diminuta bancada que elegeu para a Câmara Federal em 2010, o PV acrescentará agora cerca de apenas 50 segundos aos já garantidos quase 6 minutos que o PT e o PDT somam.

Já a frente de apoio ao prefeito Luciano Ducci, que além do próprio partido, o PSB, conta com a força do PSDB, que abdicou de candidatura própria para lançá-lo à reeleição, ainda não está satisfeito com a quantidade de partidos que conquistou. Já tem a seu lado o DEM, o PP, o PTB e o PSD, para mencionar apenas os maiores. Até a última hora correu atrás do PV e ainda espera a adesão da joia da coroa, o PMDB.

Nesta segunda-feira um grupo de deputados estaduais e outros militantes desgarrados do comando do senador Roberto Requião vão hipotecar apoio a Ducci. Se conseguirão levar a convenção do partido a se decidir pela integração à aliança são outros quinhentos. Por enquanto, querem apenas marcar posição contrária à já oficializada candidatura de Rafael Greca, lançada e apoiada por Requião.

Dificilmente os desgarrados conseguirão tirar Greca do páreo, mas a tendência é repetir-se com ele o ocorrido em 2010, na disputa pelo governo estadual. Oficialmente o PMDB fazia parte da coalização de Osmar Dias, mas boa parte dos peemedebistas trabalhou em favor de Beto Richa.

Praticamente resolvidas as situações de Gustavo Fruet e de Luciano Ducci, sobram dúvidas para Rafael Greca, que ainda se vê constrangido pelo trabalho de sabotagem do grupo de correligionários que denominou de "vendilhões", liderado, entre outros, pelos deputados Reinhold Stephanes Jr., Alexandre Curi e Luiz Cláudio Romanelli (licenciado da Assembleia desde que assumiu a secretaria estadual do Trabalho.

Já Ratinho Jr., do PSC, reúne sob seu guarda-chuva o PR e o PCdoB, que lhe garantem os quatro minutos que considera essenciais para fazer boa presença na campanha. Embora cogitado para ser vice na chapa de Ducci, não lhe passa pela cabeça renunciar à própria candidatura.

Por fim, Renata Bueno, já lançada pelo PPS, mantém-se na condição de monopartidária, mas conta com o apoio do pai bom de voto, o deputado federal Rubens Bueno, líder da sigla na Câmara e presidente estadual do partido.

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"Precisamos [...] buscar um experimentalismo contínuo, verticalizando as reformas para que nossos cidadãos sejam educados para que não precisem de lei de ficha limpa. Nesse momento, porém, a Lei da Ficha Limpa é um paternalismo necessário."

Do jurista Clémerson Cleve, em palestra durante o 3º Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral realizado em Curitiba na semana passada.

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