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As armas e os barões assinalados da monumental esquadra de Beto Richa se organizam rapidamente para dificultar a vida do ex-companheiro Gustavo Fruet, como candidato de oposição à prefeitura de Curitiba no ano que vem. Camões à parte, a estratégia consiste em cooptar apoios e simpatias para a reeleição do prefeito Luciano Ducci já no primeiro turno, com o objetivo de evitar confronto direto no segundo, quando as forças oposicionistas se uniriam perigosamente em favor de Fruet.

Richa começou o trabalho atacando pelo flanco. Chamou para audiência o deputado Ratinho Jr., do PSC, declarado candidato a prefeito. Versões de ambos os lados indicam que o contato foi apenas amistoso, que durante duas horas ambos fizeram somente reflexões sobre o futuro do Paraná. Do alto dos 360 mil votos que o elegeram federal em 2010 – dos quais quase 100 mil só em Curitiba – Ratinho diz que saiu da audiência como entrou, isto é, como candidato. Mas ficou aquela sensação de boa vontade mútua que Richa tem esperança de ver frutificar.

Outro passo importante na conquista de território se deu também na semana passada, quando a bancada do PMDB na Assembleia, com 12 deputados, deixou de lado sua mal disfarçada flacidez e subiu com bagagem e tudo as rampas do Palácio das Araucárias.

Embora o PMDB curitibano também tenha como candidato próprio o ex-deputado Rafael Greca, este se vê agora isolado na companhia do ex-governador Roberto Requião, presidente do diretório municipal do partido. Greca perde gordura eleitoral e soma à sua própria rejeição a de Requião. Com isso, pouco contribuiria para forçar a realização do segundo turno. Lembre-se: Rafael não se reelegeu deputado estadual porque Curitiba lhe deu apenas 23 mil votos em 2010; Requião, candidato a senador, ficou em quarto lugar, com 305 mil votos – votação que não o elegeria prefeito.

Mais ousada é a manobra que se revelou com ares de verdade no fim de semana: o PDT, partido pelo qual pende o coração de Gustavo Fruet, também estaria sendo alvo das investidas do exército governista. Richa teria encarregado o deputado Luiz Carlos Zuchi, o Zuquinho, vice-presidente do partido, para buscar uma conciliação política com o adversário Osmar Dias, presidente estadual. Mais: partiria de Zuquinho uma suposta tentativa de barrar o ingresso de Fruet no PDT e inviabilizar sua candidatura.

Zuquinho desmentiu tudo categoricamente, mas não custa lembrar que ele tem experiência na prestação desse tipo de serviço a Richa. Em 2010, com Osmar Dias já quase candidato a governador pelo PDT, ele ainda trabalhava para que o senador mudasse de ideia e concorresse à reeleição na chapa do PSDB. Como isto não deu certo, Gustavo Fruet foi lançado para o sacrifício.

Quem não ajuda não atrapalha

O DEM consolidou sua posição ao lado de Luciano Ducci ao ganhar dele a Secretaria Municipal da Habitação, cargo agora ocupado pelo deputado Osmar Bertoldi. E se alguém tinha dúvidas sobre para que lado o PTB caminharia, elas desapareceram com a declaração do presidente nacional do partido, o ex-deputado Roberto Jefferson, na sexta-feira, endossando a adesão já anunciada pelo presidente estadual, deputado Alex Can­ziani.

O PSD, que tem em suas hostes o deputado Ney Leprevost (mais votado estadual em Curitiba, com 56 mil votos em 2010), também bate continência para Richa e Ducci. Leprevost, aliás, vem sendo o nome mais cogitado para ser o vice da chapa oficial.

Resumo da ópera: o exército de Beto Richa em favor de Ducci já se organizou com as tropas do PSDB, PSB, DEM, PTB, PSD, PP e PPS, além de alguns partidos nanicos sempre obedientes aos gritos de ordem unida. O PMDB, enfraquecido na capital, passou a incomodar menos como força de oposição. O PSC ainda resiste bravamente aos feronômios do poder, mas permanece na alça de mira.

Sobra o quê para Gustavo Fruet?

Por enquanto, sobram o PDT e o PV como opções de filiação partidária – decisão que deve to­­mar até o fim deste mês. Quanto a apoios, tem certeza de poder contar com o PT. Já no primeiro ou no segundo turno? Trata-se de uma questão importante: se não fizer aliança com o PT no primeiro turno, seu tempo de propaganda eleitoral na televisão não chegará a quatro minutos contra mais de 10 do adversário.

O PT nacional está propenso a entrar de cara na aliança com Fruet, mas este, por outros motivos além do tempo na tevê, medita sobre o momento mais adequado para receber seu apoio. Eis a pergunta que ele faz: como seus eleitores tradicionais, antipetistas, vão encarar o casamento com o PT? É assunto para a coluna da próxima terça-feira.

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