Esqueletos mal sepultados desde 2010 podem voltar a assombrar políticos e gestores públicos que tiveram participação num dos mais polêmicos processos de licitação havidos em Curitiba: a concorrência para a concessão do sistema de transporte coletivo da cidade nas gestões dos ex-prefeitos Beto Richa e Luciano Ducci.
Fatos importantes podem vir à tona se o advogado Sacha Reck vir a firmar acordo de delação premiada com o Gaeco – objeto de negociações avançadas entre as duas partes, segundo confirmou à coluna na sexta-feira (12) o procurador Leonir Batisti, coordenador do Gaeco, braço do Ministério Público encarregado de investigações criminais.
O advogado chegou a ser preso no fim de junho passado pela sua participação em 19 licitações suspeitas – sete no Paraná e outras 12 em oito diferentes estados.
Embora Curitiba não esteja na lista, ele atuou também na concorrência que a Urbs lançou em 2010 representando os interesses do Setransp, o sindicato das empresas de ônibus da capital e região metropolitana. Nesta licitação, o grupo Gulin ganhou o controle de 60% das linhas curitibanas. O edital teria sido direcionado e conteria cláusulas atentatórias ao interesse público, segundo denúncias debatidas em uma CPI na Câmara de Vereadores e que também foram objeto de ações judiciais movidas por associações de usuários e pela Procuradoria-Geral do Município.
No resto do país o esquema obedecia basicamente ao mesmo modelo de Curitiba, em que os maiores favorecidos eram quase sempre as empresas Gulin e Constantino (dona também da aérea Gol). Antes do lançamento dos editais, atuava a consultoria Logitrans, de propriedade do pai de Sacha e ex-diretor da Urbs Garrone Reck.
Uma eventual delação de Sacha ao Gaeco, se tiver seus termos revelados, poderá ser explosiva para os rumos da próxima eleição municipal. Vários dos personagens que participaram, direta ou indiretamente, da concorrência de 2010 ocupam hoje altos postos na administração estadual e/ou desempenham papéis relevantes em campanhas de alguns dos candidatos.



