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Celso Nascimento

Bombas no Estadual

Bombas no Colégio Estadual do Paraná. No sentido literal, foi aquele petardo que destruiu parte de um banheiro da escola, numa tarde de agosto passado. No sentido figurado, é a seqüência de episódios que vem abalando as estruturas do mais tradicional estabelecimento do ensino público paranaense desde que assumiu sua direção-geral a professora Maria Madselva Ferreira Feiges, em fevereiro deste ano.

Professores, pais e estudantes andam sobressaltados com o que está acontecendo por lá. Quando da explosão da bomba no banheiro, por exemplo, a providência tomada pela diretora foi determinar o imediato fechamento de todos os banheiros do colégio, para evidente e justificável desespero dos alunos – jovens na faixa dos 15 aos 18 anos, cursando o ensino médio.

O autoritarismo não pára por aí. Logo em seguida, um professor de Filosofia, Wanderley Deina, que exercia o cargo de diretor do período da tarde, foi suspenso por 30 dias e, afastado até hoje, enfrenta um processo administrativo porque ousou reclamar da permissividade na disciplina e da condução pedagógica. Foi acusado de "ser contra as políticas públicas do governo para a educação" e de "difamar" a Secretaria Estadual da Educação. Está também proibido de entrar nas dependências do Colégio Estadual.

O professor punido reclamou, por exemplo, do absurdo exagero na aprovação automática de alunos que não conseguiram obter a média mínima. Estudantes reprovados em até nove disciplinas têm sido promovidos de série por ato administrativo da diretora-geral. Basta que entrem com um simples requerimento a qualquer tempo – mesmo no meio do ano letivo – para que obtenham aprovação, procedimento considerado condenável pelos pedagogos mais respeitados e que está caindo em desuso em todo o país em razão dos seus maus resultados.

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Acordo no lugar da truculência

Mais vale um mau acordo do que uma boa demanda, ensina sabiamente o velho adágio. Exemplo de aplicação desse conceito popular está em vias de ser concretizado com o anunciado acordo entre o governo do estado e o banco Itaú para a resolução da pendenga dos títulos públicos negociados quando da venda do Banestado.

Foi grande a perda de energia e de dinheiro provocada pela insistência do governador em resolver o problema a seu modo – isto é, com truculência. Não resolveu e o estado ficou obrigado durante anos a pagar multa milionária ao Tesouro Nacional. Agora, por proposição de um senador de Rondônia, Valdir Raupp, governo do Paraná e o Itaú sentaram-se à mesa e acertaram um acordo: os títulos serão entregues ao banco e o estado se livra da multa e ainda recebe de volta R$ 200 milhões que já pagou. Só falta o referendo do governo federal – o que pode acontecer nesta semana.

Quem sabe se Requião tivesse sentado à mesa também com as concessionárias o pedágio não teria baixado as tarifas? E se tivesse feito a mesma coisa com o sócio privado da Sanepar? Certamente, teria sido tudo muito mais simples e mais barato.

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Olho vivo

Partidos partidos 1 – Os principais partidos estão se movimentando para ganhar musculatura para as eleições do próximo ano, com o olho também espichado para 2010. Mas, cada um a seu modo, eles enfrentam problemas internos. A começar pelo PMDB – partido que, embora detenha o governo estadual e o maior número de prefeituras, ficou sem nenhum vereador em Curitiba. Pior: perdeu o habilidoso presidente do diretório regional, Renato Adur, que preferiu renunciar ao cargo no meio do mandato a ter de administrar os humores instáveis de seus líderes.

Partidos partidos 2 – O PT também vive seus dias de dificuldades. Apesar de ter Gleisi Hoffmann em seus quadros, a mais viável adversária de Beto Richa na eleição para a prefeitura da capital, o partido continua como sempre foi – dividido até a medula. A candidata é contestada internamente e terá de se submeter à disputa prévia com nomes apresentados por correntes adversárias.

Partidos partidos 3 – O PSDB, por sua vez, se prepara para eleger no próximo dia 21 o novo diretório regional, com problemas menores. O deputado Valdir Rossoni, atual presidente, que encarna a oposição ao governo, já pavimentou sua permanência no posto, apesar da existência de uma ala que mal consegue disfarçar a vontade de aderir a Requião. Vaidades que afloram no partido também parecem sepultadas e tudo leva a crer que desta vez não haverá bate-chapa.

Partidos partidos 4 – Já no PDT, seu presidente estadual, o senador Osmar Dias, corre o estado sem encontrar percalços sérios para escolher lideranças municipais aptas a concorrer às prefeituras e câmaras. Sofre, porém, com a posição caudilhesca de seu presidente nacional, Carlos Lupi, que se adonou da cadeira de ministro do Trabalho e se esforça para ser um peão do governo federal – o que nem sempre coincide com interesses dos pedetistas paranaenses. Se dependesse de Lupi, o PDT apoiaria Gleisi Hoffmann já no primeiro turno, mas Osmar Dias pensa diferente.

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"O Paraná, sob a gestão Requião, está na contramão da história."

Do deputado Élio Rusch, criticando as quebras de contrato decretadas pelo governo, causas do grande passivo que está sendo acumulado, citando como exemplo o caso de santa catarina, obrigado pela justiça a indenizar uma concessionária de pedágio em quase R$ 600 milhões.

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