• Do jeito que as coisas vão, o transporte coletivo de Curitiba vai entrar em colapso.
• Em pouco tempo o sistema não conseguirá atender à demanda de passageiros, especialmente na região Sul da cidade; os ônibus só conseguem carregar no máximo 23 mil passageiros por hora, mas a demanda real logo chegará a 30 ou 35 mil;
• O metrô é o único modal capaz de responder a este crescimento, mas ele só pode ser construído se houver garantia de recursos de outras fontes que não os do município;
• Não adianta tomar a decisão drástica de romper o contrato com as atuais empresas; em caso de nova licitação, elas vão ganhar de novo, pois são as únicas que já investiram e se tornaram capazes para atender às peculiaridades do sistema curitibano;
• Várias das recomendações feitas pelo Tribunal de Contas para reduzir a tarifa estão sendo atendidas; outras são objeto de ações na Justiça movidas pelas empresas;
• A culpa pela situação atual vem de gestões passadas, que represaram aumentos de tarifa em anos eleitorais ou aumentaram custos que poderiam ser evitados;
• Quaisquer mudanças no modelo atual tendem a gerar consequências imprevisíveis, que só poderiam ser arcadas pela sociedade.
Resumo da ópera: o transporte coletivo de Curitiba vai mesmo entrar em colapso. Parece inevitável, dadas as perspectivas pessimistas de resolução para cada um dos problemas apontados.
E quem apontou tais problemas? Foi o próprio prefeito Gustavo Fruet em entrevistas publicada na edição de ontem desta Gazeta. É desalentador. Principalmente quando se recorda que Curitiba foi, por muitos anos (ou décadas) modelo nacional e internacional de eficiência no transporte coletivo.
Neste exato momento, as empresas acenam com duas coisas: aumento já da tarifa técnica de R$ 3,21 para R$ 3,40 para que possam honrar salários e 13.º; caso contrário, em janeiro já não terão condições de se manter funcionando – a menos que demitam 2 mil dos seus 11 mil empregados. Claro, os empregados respondem com a ameaça iminente de greve. E a prefeitura, por sua vez, diz não ter recursos para subsidiar a tarifa do usuário para mantê-la nos atuais R$ 3,30.
O impasse é, portanto, triplo: nem prefeitura, nem motoristas e cobradores nem as empresas acenam com soluções de curto prazo. Só enxergam uma solução, que pode aparecer de repente, antes mesmo da data usual e legal de 26 de fevereiro: os passageiros serão convidados a pagar a conta. Isto é, está para vir antes do tempo um novo aumento da passagem.
A menos, como sugere o prefeito, que a sociedade, em futuro breve, contribua com novas fontes de financiamento para manter o sistema a salvo dos solavancos atuais. O resto é colapso.



