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Se fosse no futebol, o resultado teria sido zero a zero – um final de campeonato em que todos os times tinham algo em comum: Dunga como treinador. O jogo foi marcado por caneladas, pela retranca e pela inapetência por gols que levantassem a torcida. Ficou evidente que o mais importante não era fazer gols; era evitá-los.

Assim foi o debate entre os candidatos a governador do Paraná na última terça-feira pelas emissoras da RPC. A segunda divisão, representada pelo verde Paulo Salamuni e pelo psocialista Luiz Felipe Bergmann, fez a figuração que dela se esperava, mas os dois candidatos da primeira divisão, o tucano Beto Richa e o pedetista Osmar Dias, também não chegaram a entusiasmar nem mesmo suas respectivas torcidas.

Se pesquisas anteriores fossem conhecidas – coisa lastimavelmente negada ao distinto público este ano –, seria possível avaliar se o debate teria provocado alguma mudança de comportamento no eleitorado. A sensibilidade dos observadores, no entanto, diz que o quadro não sofreu nenhuma alteração significativa após as duas horas do embate mediado por Sandra Annenberg.

Em certos momentos, o debate mais parecia envolver candidatos a prefeito de Curitiba. Em outros, que o que mais importava era o passado dos adversários. Já quanto ao futuro do Paraná, bem... Também neste ponto, salvo por alguns números e ênfases que pronunciaram ao apresentar suas propostas de governo, Osmar e Beto pouco se diferenciaram.

Aliás, a respeito de todos os temas – do passado, do presente ou do futuro – nenhum deles produziu sequer novidades. Repetiram-se as mesmas já tão conhecidas acusações, as mesmas justificativas, os mesmos projetos a que incansavelmente se referem nas entrevistas, nos programas eleitorais, nos palanques.

No fundo, o debate foi a própria síntese da campanha eleitoral deste 2010 no Paraná – uma campanha em que nenhum dos principais candidatos apresentou sequer uma ideia-força capaz de indicar com clareza e precisão o caminho que o estado precisa seguir em direção ao futuro.

Foi privilegiada a quantidade de projetos – na vã pretensão de atender a todas as carências – e não a qualidade e a coerência interna de um conjunto realmente capaz de induzir às grandes transformações e de tornar o Paraná apto a vencer os problemas atuais e os desafios futuros.

Assim foi o debate. Assim foi toda a campanha.

Olho vivo

Correção 1

Pelo menos uma pesquisa deverá ser divulgada antes da eleição. É a do Ibope/RPC. Se­­gun­­do o juiz eleitoral Nicolau Konkel, esse instituto corrigiu a tempo as falhas de ponderação apontadas pela coligação do candidato Beto Richa e que o fizeram determinar a suspensão das sondagens anteriores do Datafolha e do próprio Ibope. O defeito das pesquisas impugnadas situava-se na repre­­sentatividade dos entrevistados dentro da amostra quanto a grau de instrução e faixa de renda. A ordem das perguntas também foi questionada.

Correção 2

Pois bem: corrigido o erro técnico – "não intencional", reconheceu o juiz – por parte de pelo menos um instituto, o resultado que vier a apresentar não poderá ser questionado ou contestado por nenhum dos candidatos. Nem por quem impugnou as anteriores nem por quem reclamou das impugnações. O episódio, portanto, serviu para infundir credibilidade à pesquisa eleitoral. Depois, é só comparar o que seus índices previram com o resultado real, correto e imutável das urnas.

Bate-rebate

Acusado por Beto Richa, no debate da RPC, de ter sido responsável pela perda, em 2008, de 7 mil bolsas do Projovem para cursos profissionalizantes ofertadas pelo ministério do Trabalho, o ex-secretário municipal do Trabalho, Jorge Bernar­di, deu o troco logo em seguida. Disse que o culpado pela perda não foi ele, mas o secretário da Administração, que não cumpriu a tempo as exigências burocráticas para que a prefeitura assinasse o convênio e disponibilizasse as bolsas. Deu o nome do secretário a que se referiu: José Richa Filho. Por trás da troca desses tiros está a política: Bernardi é do PDT e foi abençoado por Osmar para ocupar a Secretaria do Trabalho quando ainda era aliado de Beto.

Normal

A programação de televisão e rádio volta ao normal hoje. Não mais será interrompida pelos programas eleitorais – mas a campanha dos candidatos continua: comícios, carreatas, reuniões públicas serão mantidas normalmente em suas agendas até sábado.

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