Até que um imprudente estagiário abra os autos e repasse seu conteúdo a terceiros, permanecerão sob segredo de Justiça os nomes dos deputados envolvidos no esquema de desvio de verbas da Secretaria da Educação do Paraná. Quase R$ 20 milhões foram parar em bolsos do alheio por pagamentos à construtora Valor, que recebia do governo mesmo sem fazer as novas escolas que tinha se comprometido a construir.
Um possível vazamento pelo estagiário já seria suficiente para causar até mesmo a perda de tufos de quem incrementou a cabeleira no cirurgião plástico. Mas o que mais espalha terror entre os ilustres envolvidos é a possibilidade – nunca remota nestes tempos de Lava Jato – de que alguns dos 15 “bagrinhos” denunciados à Justiça pelo Gaeco venha a propor uma delação premiada.
De fato, não seria de espantar que alguns desses 15 fale mais a respeito do que sabe (e devem saber muito) em troca do abrandamento das penas. É o caso dos “laranjas” que serviram como inocentes-úteis para que o esquema de desvio de verbas prosperasse.
Como o caso foi remetido à Procuradoria-Geral da República (PGR), é líquido e certo que, entre os envolvidos, está algum deputado federal, cujo foro especial para processá-lo é o Supremo Tribunal Federal (STF). Os supostos deputados estaduais (seriam dois ou três?) também foram parar no STF, em razão da conexão de suas ações no mesmo esquema criminoso, caso contrário responderiam ao Tribunal de Justiça.
A polvorosa se espalha na Assembleia Legislativa, pois a não divulgação dos nomes dos verdadeiros culpados – entendem os deputados – acaba por colocar a todos sob suspeita e dentro do mesmo balaio.



