Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Celso Nascimento

Delação premiada pode ser o melhor remédio

Ainda não se sabe tudo o que acontecia à beira do cais de Para­­naguá. Os presos ainda estão sendo submetidos a interrogatórios, documentos estão sendo compulsados, computadores vasculhados. A Polícia sabe que terá de lutar contra o silêncio, a omissão e a cumplicidade dos suspeitos sob sua custódia.

Não é de se duvidar que, para quebrar as naturais dificuldades que serão encontradas para dar sequência mais produtiva às investigações, que seja logo oferecida a um – ou mais – dos envolvidos a delação premiada. Tal instituto legal permite a redução das penas a quem melhor colaborar para apontar os delitos dos outros.

• • •

O noticiário no campo político e administrativo do Paraná na semana passada foi movimentado por um único fato de relevância: a prisão de dez pessoas envolvidas em grossas irregularidades no Porto de Paranaguá. Dentre as prisões, a de Daniel Lúcio de Souza, que ocupou a superintendência da Appa nos últimos 18 meses, sucedendo a Eduardo Requião, que foi titular do cargo durante os quase sete anos anteriores.

A Polícia Federal e a Receita confirmaram, em suas investigações, a maior parte das denúncias exaustivamente repetidas há muitos anos. Em 2004, por exemplo, a As­­­sem­­bleia Legislativa chegou a instaurar uma CPI, cujas conclusões – já então escabrosas – foram encaminhadas aos órgãos competentes, tais como o Ministério Público Estadual e o Tribunal de Contas.

Sabe-se agora que do Tribunal de Contas pouco se poderia esperar: um dos dez presos é Agileu Bittencourt, chefe da inspetoria responsável pela fiscalização da administração portuária, subordinado ao conselheiro Nestor Baptista, ex-presidente do TC. O servidor fez parte da comitiva que viajou à China, em dezembro de 2009, para inspecionar as dragas que a Appa pretendia comprar. Uma das descobertas feitas pela Polícia Federal foi a de que a aquisição – se não fosse antes embargada pela Justiça Federal – estaria direcionada para "render" R$ 5 milhões para alimentar o caixa 2 de uma determinada campanha eleitoral.

Mas a tal ponto já se sabia que as coisas iam muito mal no Porto de Paranaguá sob a direção de Eduardo Requião que, também em 2004, o deputado federal Ricardo Barros chegou a propor no Congresso a aprovação de um decreto legislativo que cancelava o convênio pelo qual a União, em 2001, delegou ao estado a administração do Porto. Isto é, o parlamentar pretendia devolver ao governo federal a responsabilidade.

O projeto de Ricardo Barros acabou adormecido em meio à vasta teia de interesses e conveniências políticas daquele mo­­­mento. Barros atualmente é secretário da Indústria, Comér­­cio e Assuntos do Mercosul do governo de Beto Richa. Nessa condição, não mais defende a ideia de federalizar o Porto, mas deve torcer para que o terminal seja agora administrado com a maior competência possível, pois é de responsabilidade de sua pasta estimular ao máximo o comércio do Paraná com o resto do mundo. Sem um bom porto, administrado por profissionais do ramo, sua gestão também estará comprometida.

* * * * * * * * * * * * * * * *

Olho vivo

Tá na hora 1

Não passa dessa semana a resolução do suposto impasse na eleição para a nova mesa da Assembleia Legislativa. Desde novembro parecia tudo certo para que o deputado Valdir Rossoni (PSDB) viesse a ocupar a presidência da Casa, com o voto de 34 deputados – signatários de listas de apoio que lhe foram encaminhadas. Nos primeiros dias de janeiro, no entanto, o voo em céu de brigadeiro começou a ficar turbulento – tudo por causa do surgimento da misteriosa candidatura de outro tucano, o deputado Nelson Garcia.

Tá na hora 2

Garcia, no entanto, esteve desaparecido durante três semanas. Reapareceu na quinta-feira e, em conversa com o governador Beto Richa, confirmou sua intenção de concorrer. Beto, que inicialmente patrocinou a candidatura de Rossoni, lavou as mãos. "Não interfiro na eleição da Assembleia", disse ele. "O importante é que o eleito seja um deputado da base", completou.

Tá na hora 3

A eleição está marcada para o próximo dia 2 de fevereiro. Portanto, a contar de hoje, restam tão somente dez dias para que o quadro se esclareça. Rossoni continua confiante. Segundo ele, nenhum dos 34 deputados que o lançaram em novembro teria lhe comunicado qualquer mudança de posição. Com exceção, claro, de Nelson Garcia, cujo nome também figura nas listas em poder de Rossoni.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.