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Olho vivo

Sorte

Ia ser difícil para o prefeito Luciano Ducci conciliar a coerência partidária com a vida prática. Filiado ao PSB, por coerência ele deveria apoiar Ciro Gomes para a Presidência e não o tucano José Serra, candidato dobrado com Beto Richa, e a quem Ducci apoia. Para sorte dele, porém, o PSB tirou na sexta-feira o tapete de Ciro Gomes, o que, em tese, o deixa mais à vontade para movimentar-se em favor de Beto e de Serra. A menos que o PSB, partido da base de Lula, feche com Dilma Rousseff.

Retrato 1

O diretor jurídico da Appa, Maurício Vítor de Souza, exige retratação. Quer que o signatário desta coluna se retrate de insinuações de que a concorrência internacional promovida pela autarquia para a compra da draga para o Porto de Paranaguá teria sido direcionada. Diz que o assunto foi tratado "de forma leviana e irresponsável" e revela uma ameaça: a Appa está "estudando providências no sentido de responsabilizar judicialmente o jornalista".

Retrato 2

O diretor jurídico alude principalmente ao fato de a coluna ter publicado foto de uma draga fundeada na China, antes da licitação, como a que seria objeto da compra. E que tal informação faz parte da tentativa do jornalista de sustentar acusações infundadas. Esta coluna não responde a adjetivos mas a fatos. Mas quanto a estes prefere aguardar pronunciamento do Ministério Público Federal e da Justiça Federal, que examinam as suspeitas de direcionamento referidas neste espaço.

Há 15 dias, PT e PDT consideravam-se separados. De um lado, estava um amuado senador Osmar Dias; de outro, um PT que, coletivamente, anunciava a impossibilidade de transformar o noivado em casamento. Cada um seguiria seu próprio caminho: Osmar manteve-se candidato ao governo contando com poucos aliados; e o PT parecia decidido a marchar estoicamente para o sacrifício com um nome próprio.

Na verdade, como muitas vezes acontece entre casais que não chegam a um acordo quando discutem a relação, os dois lados estavam "se dando um tempo". Aproveitaram-no como uma pausa para a meditação. E, de tanto meditar, eis que acharam um ponto comum que os fazem querer a reconciliação. O ponto comum que os une é a vontade de ganhar a eleição: o PDT, eleger Osmar Dias governador; o PT, Dilma presidente e Gleisi Hoffmann senadora.

Não significa, porém, que já estejam preparados para uma nova lua de mel, prontos para realizar seus desejos. Ainda falta curar as feridas do ressentimento e acertar as bases para o reinício da vida em comum. Mas o importante nesses últimos dias foram declarações que, se não foram propriamente de amor, representaram a disposição da parte do PT de restabelecer o diálogo.

É o que se vê pelo que disse o secretário nacional de Co­­­municação Social do PT, o deputado paranaense André Vargas, na sexta-feira. Por vias transversas e sem confessar lá muito arrependimento, ele revelou que seu partido está pronto para o recomeço. Disse ele: "Há um leque de partidos da base aliada ao presidente Lula que tem disposição de apoiar o senador Osmar Dias como candidato ao governo. Seria lamentável que ele desistisse, já que todos os esforços para que ele fosse candidato foram feitos pelo presidente Lula e pelo PT."

Quer dizer: se o PT está preocupado com a eventual desistência de Osmar é porque voltou a entender que a candidatura dele é útil para os propósitos do PT. Caso contrário, não revelaria tal preocupação. E ainda deu um palpite que ficou mais parecido com um conselho ao senador: "Ele assumiu um compromisso com o Paraná, percorreu o estado, seria muito desgastante para sua carreira política uma renúncia nesse momento".

Confessa, porém, que a solução para a pendenga já não passa pela direção paranaense do seu partido nem de uma conversa direta com o próprio Osmar. Ela foi colocada num patamar superior. Isto é: quem, de fato, decidirá o destino do casamento serão os dirigentes nacionais do PT e do PDT. Ainda nesta semana o presidente petista, José Eduardo Dutra, e o presidente licenciado (mas que manda) do PDT, ministro Carlos Lupi, conversarão sobre o assunto. Só não o fizeram antes porque Lupi viajou em missão oficial aos Estados Unidos.

É entre os dois que, certamente com a anuência local, serão equacionados os pontos da discórdia. Vargas afirmou que o PT mantém férrea vontade de fazer de Gleisi sua senadora. Já de Osmar não se ouviu nada diferente de sua posição anterior – a de querer Gleisi como vice da sua chapa.

Se chegarem a um acordo sobre este principal ponto, é possível que ainda nesta semana se marque a festa do casamento.

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