O prefeito Gustavo Fruet está acompanhando com incomum interesse as informações de que o HSBC/Brasil estaria à venda e que o Santander seria até agora o mais interessado no negócio. São duas das maiores instituições financeiras do mundo. Movimentam bilhões ao redor do planeta. E o que o prefeito tem a ver com isso? Simples: a sede brasileira do HSBC é aqui em Curitiba e todo o Imposto Sobre Serviços (ISS) que o banco gera no país é recolhido para o caixa da prefeitura daqui.
Não é pouca coisa: dos R$ 850 milhões que Curitiba arrecada anualmente, quase 10% correspondem à contribuição do HSBC. Ou seja, a eventual transferência para o Santander ou para outra instituição que não mantenha matriz em Curitiba representará uma perda de receita para cidade da ordem de R$ 85 milhões por ano – o suficiente para construir, por exemplo, 40 creches para atender 8 mil crianças.
Se o HSBC for embora, o prejuízo pode vir também na forma de empregos: o banco tem em Curitiba – por concentrar aqui toda a sua administração – nada menos de 7.500 funcionários. Quantos destes empregos seriam preservados pela instituição que comprar o HSBC não se sabe. Apenas para dar a dimensão do potencial de desemprego, pode-se lembrar que o número de empregados do HSBC, só em Curitiba, é igual ou superior à população de nada menos que 170 dos 399 municípios do Paraná.
Fruet ainda não sabe exatamente o que será possível fazer para evitar perda tão grande, quer de arrecadação quer de empregos. Mas decidiu conversar com o presidente do HSBC, André Brandão, e com o do Santander, Jesús Zabalza, no mínimo para sentir o “clima” ou para tentar diminuir a grandeza dos prejuízos. Já tem audiência marcada com ambos nos próximos dias.
Pra finalizar, mais um subsídio para avaliação das possíveis perdas: segundo consta da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) enviada à Câmara semana passada, um déficit acumulado na gestão Fruet chegará a R$ 800 milhões. Perder o HSBC pode elevar este déficit para próximo dos R$ 900 milhões.



