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Diante da ameaça de uma nova greve do funcionalismo, que se sente lesado pela suspensão do acordo que lhe garantia reposição salarial, o governador Beto Richa de novo troca as mãos pelos pés. Foi dele a iniciativa de “politizar” o movimento liderado pelo magistério ao declarar que ele se deve ao “mesmo sindicato que estava aí defendendo a Dilma, o Lula, o ‘Fora Temer’. [...] Então, será que essas pessoas têm credibilidade?”

Richa não está errado ao identificar a mão pesada do grupo político-partidário que embala o berço grevista, mas o que falou serve apenas para açular os ânimos e não para criar o clima minimamente indispensável para evitar duas tragédias.

A maior de todas as tragédias é a paralisação das aulas já quase no fim do ano letivo, o que apenas contribui para a piora da qualidade do ensino e para a desorganização do já abalado sistema educacional do estado. Trata-se de um prejuízo que avaliações como o Ideb e o Enem põem à luz do dia.

A segunda tragédia é a contribuição que o próprio governador dá, com sua declaração, para fermentar a radicalização das posições, fechando já na primeira hora as portas para uma negociação madura, de caráter técnico e jurídico.

Ao assumir tal postura, Richa corre o risco de perder o apoio de um segmento expressivo da população e que, de modo geral, não tem megafones para se expressar – os pais, as famílias dos alunos prejudicados com a paralisação das aulas. Uma multidão para a qual, tradicionalmente, os líderes do sindicato grevista não dão a devida importância.

A motivação para a greve – que pode se iniciar logo após o feriado do dia 12 e se prolongar por tempo indefinido – está na decisão do governo de suspender a reposição da inflação nos salários do funcionalismo, que deveria vigorar a partir de janeiro próximo. Prevista em lei aprovada pela Assembleia, a promessa de reajuste fez parte do acordo firmado com os servidores para dar fim às agitações de 2015, cujo auge foi histórica batalha do Centro Cívico em 29 de abril. Do ponto de vista jurídico e de obediência às leis que ele próprio sancionou, nota zero para Richa.

O atentado jurídico, porém, poderia ser relativizado diante da realidade financeira e econômica. Como o Paraná está longe de ser uma ilha de prosperidade em meio à crise das finanças públicas Brasil afora, é razoável imaginar que, de fato, o caixa estadual não suporte os concomitantes reajustes, promoções e progressões nas carreiras. Tudo somado, segundo o governo, isto representaria um acréscimo de R$ 3 bilhões na folha de pessoal, ultrapassando os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal. Se é assim, seria mesmo insensato e irresponsável aplicar todos os benefício de uma só vez.

A expectativa era de que, com transparência e disposição para o diálogo, sem radicalizações, fosse possível – mais uma vez – um acordo menos pior para todos, principalmente para o lado mais numeroso porém mais frágil da cadeia do sistema educacional público – os estudantes e suas famílias. O governador poderia ter dado esta contribuição.

Planilha 1

O escritório político do deputado federal Sérgio Souza (PMDB) fez um minucioso levantamento de “ganhou-perdeu” nas eleições do dia 2. O parlamentar tateia do terreno para disputar uma cadeira de senador em 2018, com a experiência de quem já atuou no Senado como suplente de Gleisi Hoffmann, que por dois anos se afastou para assumir a chefia da Casa Civil de Dilma.

Planilha 2

A planilha de Souza mostra que o PMDB continua sendo o mais forte do estado: em 2016, elegeu 77 prefeitos, contra 55 em 2012. Já o PSDB perdeu 9 prefeituras – de 75 baixou para 66. O PSC saltou de 12 para 41 prefeitos, mas, considerando o total de votos, perdeu 10% do eleitorado. A pior situação ficou com o PT: tinha 40 prefeitos, mas em 2016 elegeu apenas 10; e de 347 vereadores, baixou para 134.

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