Não foram poucos os leitores que, por e-mail, protestaram contra as projeções estatísticas elaboradas por um professor da UFPR e publicadas ontem nesta coluna. Segundo tal análise, mantidas as atuais circunstâncias que cercam a campanha e respeitados os índices de variação dos candidatos nas pesquisas do Ibope/RPC, as urnas do dia 3 de outubro dariam a eleição para Osmar Dias com 53% contra 47% de Beto Richa.
O colunista não é matemático nem estatístico. É jornalista. E, como tal, informado sobre a utilidade das pesquisas como instrumento de aferição das tendências eleitorais, reuniu as 150 páginas com tabelas e gráficos que retratam as três rodadas produzidas pelo Ibope desde o começo de agosto e pediu a um profissional (aliás, com doutorado nos Estados Unidos) que aplicasse a metodologia adequada para identificar eventuais tendências e em que medida elas poderiam evoluir.
O professor, que quer manter anonimato, fez inúmeras ressalvas, quase todas registradas na coluna de domingo, para se eximir de responsabilidade quanto à eventual inexatidão de suas previsões. "Política não é matemática alertou em suas anotações e inúmeros fatores podem mudar completa e repentinamente os índices." E acrescenta: "Os resultados a que cheguei só podem ser considerados matematicamente confiáveis se os índices que me foram dados a trabalhar forem igualmente confiáveis e se fatos novos não interromperem a linha estatística."
Muito embora outro tanto de leitores tenha aplaudido a análise, considerando-a plausível, a coluna reencaminhou os e-mails críticos ao autor do trabalho. Um dos críticos dizia, por exemplo: "Esta projeção é absolutamente ridícula". Outro afirmava se tratar de absoluta irresponsabilidade de quem a fez e de quem a publicou.
O professor respondeu, relembrando as mesmas ressalvas já feitas e lembrando que seus cálculos não se circunscreveram aos resultado finais das rodadas do Ibope, mas também dos índices segmentados que compuseram tais resultados. E que viu neles motivos consistentes para sustentar a probabilidade de seus cálculos.
A segmentação de que fala o professor diz respeito à variação das preferências eleitorais, por um ou outro candidato, por faixa etária, região geográfica, nível de escolaridade etc. Cita os segmentos em Richa apresentava os melhores índices:
- Entre os mais ricos, Richa caiu de 58% para 53%. Osmar subiu de 28% para 36%.
- Entre os de instrução superior, Richa manteve os mesmos 55% das rodadas anteriores e Osmar subiu de 26% para 35%.
- No eleitorado de Curitiba, Beto perdeu 6 pontos (68% para 57%) e Osmar ganhou 10 (de 18% para 28%).
- Na região metropolitana, Richa caiu 11 pontos (de 64% para 53%); Osmar ficou estável em 27%.
O professor anotou também que, nas primeiras rodadas do Ibope, a rejeição a Beto Richa era de 7%, mas subiu 3 pontos e chegou a 10% na divulgada no fim de semana. A rejeição a Osmar Dias também subiu, de 12% para 13%, proporcionalmente menos do que a do adversário.
(*) As pesquisas Ibope citadas foram registras no TRE-PR sob números 19.644/2010 e 21.413/2010, realizadas, respectivamente, entre os dias 23 e 25 de agosto e entre os dias 8 e 9 de setembro. A margem de erro de ambas é de 3 pontos para mais ou para menos. Registro no TRE-PR n.º 21.185/2010.



